O Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) reduziu a nossa taxa básica de juros – a taxa Selic – em 0,50pp. para 12,25% ao ano.

A decisão anunciada em 01 de novembro dá continuidade ao processo de queda de juros iniciado em agosto, após um ano de taxa Selic no patamar de 13,75%. Acreditamos que o Banco Central deve continuar reduzindo a taxa básica de juros até meados de 2024, quando a Selic deve atingir 10,0% ao ano.

Quer entender mais sobre como os juros impactam a inflação? Te contamos aqui!

O que disse o Copom?

Após cada reunião, o Copom divulga um comunicado detalhando sua decisão e sinalizando a direção que deve tomar dali em diante em relação à política monetária – ou seja, à taxa de juros.

O comunicado que acompanhou a decisão trouxe alguns elementos hawkish (contracionista) e dovish (expansionista) para a política monetária, em nossa avaliação.

Da parte mais “dura” do comentário, o Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes. Além disso, o Copom afirmou que os preços estão em trajetória de desinflação, mas seguem acima da meta para a inflação de 3,0%.

Por outro lado, o tom mais “ameno” veio da análise em relação ao cenário consistente de desaceleração da economia nos próximos trimestres. O enfraquecimento reflete principalmente o aperto trazido pelos juros altos, que encarecem o crédito e desestimulam o consumo e o investimento produtivo.

Em suma, o comunicado trouxe elementos tanto de consolidação do controle da inflação, sem deixar de destacar os principais riscos adiante.  

Assim, optou por reduzir a Selic para 12,25% ao ano. Nesse caso, reduzindo os juros, mas mantendo a taxa básica ainda no patamar que chamamos de “contracionista” – em que os juros altos encarecem o crédito, desincentivam o consumo e desaquecem a economia como um todo, reduzindo a inflação.

Juros devem continuar caindo, mas devagar

Diante do cenário descrito acima, acreditamos que o Banco Central seguirá reduzindo a taxa Selic ao longo de suas próximas reuniões.

Mas isso não significa que devemos esperar que a taxa Selic “despenque”, em um processo acelerado e prolongado. Pelo contrário. Na nossa visão, o processo de redução dos juros deve seguir gradual.

Isso porque, apesar da inflação mais bem comportada nos últimos meses – como contamos aqui em detalhes – ainda existem riscos tanto no ambiente global, quanto doméstico.

No mundo, sinalizações de que os juros devem seguir altos por mais tempo em países desenvolvidos – e até o risco de subirem mais um pouco nos Estados Unidos – também tendem impactar a magnitude queda de juros por aqui. Afinal, com retornos mais altos em países menos arriscados, investidores tendem a “exigir” maiores retornos em países considerados de maior risco – ou seja, maiores juros.

O risco de maior desvalorização da nossa moeda (influenciada também por juros mais altos por mais tempo nos EUA) também agrega ao cenário de desafios internacionais, enquanto a piora recente do cenário fiscal pesa para o lado doméstico.

Afinal, quanto maior a percepção de risco, maior a precificação de risco em nossos ativos financeiros, como a própria moeda. E quanto mais desvalorizada nossa moeda, maior a pressão sobre a inflação (por meio de produtos e insumos importados e negociados em dólares).

Em suma: o cenário permite que o Banco Central reduza a magnitude do “freio” na economia, mas sem eliminá-lo por completo (a menos por ora).

Assim, projetamos que a Selic encerre esse ano em 11,75%, e 2024 em 10,00%.

Quando vou sentir a queda de juros?

Para o dia a dia do brasileiro, pouca coisa muda, especialmente no curto prazo. Isso porque mudanças na taxa básica de juros demoram a ser sentidas na economia – chamamos esse efeito de “defasagem da política monetária”No Brasil, o intervalo para que alterações na Selic sejam refletidas nas taxas para empresas e pessoas física varia de 3 a 12 meses.

Além disso, o impacto também varia de acordo com a modalidade do crédito. Por exemplo, a variação de 1p.p. na taxa Selic leva a uma variação quatro vezes maior nos juros médios do cheque especial ao longo de doze meses (conforme estudo recente do Banco Central). Já outros tipos de crédito, como crédito imobiliário e para veículos, são impactados em um período de 6 e 3 meses em média, respectivamente.

Isso significa que continuaremos a sentir os efeitos de juros altos – como o alto nível de inadimplência e comprometimento de renda das famílias com o pagamento de dívidas – até que esse movimento comece a perder força aos poucos ao longo dos próximos meses/ano.

Assim, mesmo com a redução esperada para a taxa Selic nos próximos meses, o cenário de crédito mais caro e “dinheiro mais escasso” sentido no dia a dia dos brasileiros não deve se reverter tão cedo.

A Selic deve seguir caindo, e isso é positivo para a bolsa

Independente de acertarmos “em cheio” os próximos passos do Copom, entendemos que estamos em um processo de redução dos juros. Esse movimento tende a abrir a porta para investimentos que apresentem maior nível de risco, especialmente em ações – considerando sempre o perfil de risco de cada cliente.

Isso porque juros menores ajudam a reduzir o custo de capital para as empresas nos modelos de analistas (aumentando o preço justo de ações), elevam os seus lucros por conta da queda nas despesas financeiras, e melhoram a saúde financeira das empresas que têm dívida alta e precisam de novos financiamentos.

Em outras palavras, ciclos de queda de juros tendem a ser positivos para investimentos em bolsa.

O gráfico abaixo ajuda a ilustrar essa dinâmica. Como podemos ver, momentos de redução da taxa Selic foram, em sua média histórica, acompanhados por bons retornos do nosso principal índice acionário, o Ibovespa.

Para investir na bolsa, destacamos a RICO11, a carteira recomendada da RicoEla é composta por BDRs (ações de empresas estrangeiras no Brasil) e ações listados na bolsa brasileira, a partir da análise do cenário econômico, reunindo as principais estratégias de ações publicadas pelo time de análise da Rico — todas quantitativas, ou seja, baseadas em dados e modelos estatísticos e com processo de decisão automatizado.

Renda Fixa segue atrativa

Mas não é porque crescem as oportunidades na bolsa que a renda fixa perde sua atratividade. Pelo contrário.

Primeiro porque os juros devem continuar em patamares altos, acima dos níveis de inflação no curto prazo – garantindo retornos elevados para investimentos de prazos mais curtos (até três anos) e reserva de emergência.

Além disso, diante de um cenário onde a inflação segue um risco no longo prazo, títulos de renda fixa atrelados à índices de preço seguem uma excelente proteção para seus investimentos – dando espaço para vencimentos mais longos, acima de 2030.

Já para os títulos prefixados, esses passam a requerer maior cautela. Isso porque parte do movimento de queda nas expectativas de juros no futuro (que valorizam esses títulos) já se concretizou, e movimentos similares ficam dependentes de mudanças mais estruturais no cenário político econômico (menos prováveis no curto prazo).

Recomendações completas

Confira todas as nossas recomendações, de acordo com cada perfil de investir, no Onde Investir da Rico. E abaixo, separamos algumas sugestões de investimentos recomendados nas principais classes de ativos para o cenário atual.

Classe Opção de investimento Opção de investimento2 Mínimo da opção mais acessível
Renda fixa pós-fixada Tesouro Selic 2029 XP TOP FI Renda Fixa Crédito Privado LP R$ 100,00
Inflação Tesouro IPCA+ 2032 com juros semestrais CRA Marfrig 08/29 IPCA+6,25% R$ 50,00
Renda Fixa Prefixada Tesouro Prefixado 2026 LTN 01/26, 10,75% R$ 100,00
Renda Fixa Global Trend High Yield Americano FIM Trend Crédito Global FIM R$ 100,00
Multimercado Selection Multimercado FIC FIM XP Macro FIM R$ 100,00
Renda variável Brasil Carteira Rico11 Selection Ações FIC Ações R$ 100,00
Renda variável internacional Wellington Us BDR Advisory Dólar FIC Ações BDR Nível 1 M Global BDR Advisory Dólar FIC FIA BDR Nível I R$ 500,00
Renda variável internacional hedgeada Trend Bolsas Globais Trend Bolsas Emergentes R$ 100,00
Alternativos Trend Ouro Dólar FIM PVBI11 R$ 100,00

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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