Por Matheus Guimarães, analista de investimentos da XP

Em um artigo publicado anteriormente aqui na Rico o sempre cirúrgico Lucas Collazo trouxe o tema de investimentos alternativos. Caso não tenham visto, segue aqui o link para conferir.

O que são investimentos alternativos?

De forma simplificada, a classe dos investimentos alternativos pode ser entendida como: opções de investimento que não se enquadram nas classes mais tradicionais como renda fixa e ações.

E por não se enquadrarem nestas caixinhas, a classe dos investimentos alternativos tende a apresentar um perfil de risco e retorno distinto, que podemos chamar de descorrelacionados.

Se, por um lado, a teoria de finanças se debruça nessas duas principais classes, inclusive com parte significativa dos portfólios dos investidores sendo divididas entre renda fixa e ações (o famoso 60/40: 60% em ações e 40% em renda fixa), por outro lado, a diversificação é apontada por muitos como o “único almoço grátis disponível”.

Entre os mais conhecidos ativos desta classe — e mais estudados — podemos citar os investimentos imobiliários (imóveis e FIIs), os fundos de private equity e venture capital, commodities e, mais recentemente, os criptoativos.

Entretanto, os investimentos alternativos não se resumem a estas opções e podem ser acrescidos de categorias que, para muitos, seriam vistos como hobbies: carros antigos, relógios, vinhos, action figures (bonecos articulados de cultura pop), etc.

O diferencial que permite que estes itens inicialmente “comuns” alcancem o status de investimento alternativo é que, assim como uma ação ou um título de dívida, eles podem vir a ser negociados a por valores mais altos no futuro (não há a garantia, mas sim a possibilidade).

Quais são as principais críticas aos investimentos alternativos?

Além da tendência de ter baixa liquidez (capacidade de transformar os ativos em dinheiro de forma rápida e sem perdas relevantes), as principais críticas a esta classe de ativos são a dificuldade de garantir a comparabilidade entre dois ativos e a ausência de um mercado secundário de negociação organizado.

Para ilustrar como essas críticas se materializam, vou usar exemplos de dois mercados diferentes: o mercado de carros antigos, e o mercado imobiliário.

O mercado de carros antigos ilustra bem a questão de comparabilidade de ativos. Quando um colecionador se depara com dois modelos de veículo de seu interesse, ainda que do mesmo ano, eles podem estar em estado de conservação bem diferentes. Ou seja, são o mesmo item, mas não são comparáveis pelo estado do conservação.

Já em relação ao mercado secundário, o mercado imobiliário ilustra bem as implicações desta ausência. Afinal, quem já passou pelo processo de busca de um imóvel (mesmo que não seja pra investimento), certamente se deparou com as dificuldades de ter de pesquisar em vários sites ou visitar inúmeras imobiliárias antes de achar o imóvel dos sonhos.

Dito isso, entendemos que a diversificação — em especial a descorrelação entre níveis de risco e retorno — tende a ser capaz de reduzir o impacto total dessas questões, recompensando investidores no longo prazo.

Porém, para alcançar essa desejada recompensa, assim como no mundo dos ativos tidos como tradicionais (ações e renda fixa), acreditamos que a utilização de serviços de assessoria e/ou consultoria contribuem para a melhora da assertividade na escolha dos ativos que vão compor o portfólio.

Como um sommelier de investimentos pode te ajudar

O mundo dos vinhos (pelo qual me apaixonei perdidamente nos últimos anos!) serve de excelente ilustração para a importância de uma boa assessoria na hora de “investir”.

O mundo dos vinhos é visto por muitos como um mundo fechado e restrito, mas a verdade é que com uma pequena quantia de dinheiro é possível comprar garrafas com uvas diferentes e tentar ir entendendo as nuances de cada uva, cada safra (ano de produção) e cada processo produtivo.

Provavelmente, as garrafas disponíveis nos supermercados terão pouco ou nenhum potencial de guarda — característica indispensável pra quem pretende olhar o vinho como investimento. Afinal, se o vinho não estiver bom para consumo daqui a alguns anos este vinho não valerá nada, fazendo com que seu investimento vá, literalmente, pelo ralo.

Mas então, como saber quais vinhos valem o investimento? É aqui onde entra o diferencial de utilizar os serviços de um especialista, que pode ser alguém reconhecidamente entendido, um profissional certificado (assim como no mundo dos investimentos, existem certificações) ou um sommelier.

Este profissional deve ser capaz de avaliar se determinado vinho é de um produtor renomado, se aquela safra foi de “um ano bom” e se aquela uva tem potencial pra envelhecer bem dentro da garrafa.

Assim, embora investir em vinhos requeira uma análise mais profunda de uma série de outras variáveis (armazenagem, mercado de negociação etc.), optei por trazer este exemplo para demostrar a importância da ajuda de um especialista.

Por ora, fico por aqui. Espero ter contribuído um pouco com as informações deste amplo mundo dos investimentos alternativos.

Quem sabe no futuro não trago mais informações sobre armazenagem de vinhos e faço vocês também se apaixonarem por essa bebida que se tem registros há mais de 2000 anos?! 

Um recado do time Rico

Se ficou interessado em mergulhar (nem que seja a pontinha do pé) nessa classe de ativos, indicamos nossas carteiras recomendadas por política de investimento e perfil de investidor — onde indicamos investimentos alternativos (começando por 1% do total) desde o perfil cauteloso. Afinal, seja mundo dos vinhos ou nos investimentos, nada melhor do que um especialista para nos desviar de uma ressaca indesejada, certo?

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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