• Síndrome do Charmin: Você se esforça tantos no estudo de seus investimentos quanto no estudo dos produtos que compra para o seu dia a dia?
  • Boa parte dos investidores estudam pouco antes de seus investimentos. O resultado: encerar investimentos antes da hora com prejuízo.
  • Confira nessa análise como evitar cair nessa armadilha comportamental dos investimentos.

(Por: Vanessa Naissinger – CNPI: 3191)

A Síndrome do Charmin

Vocês já ouviram falar na Síndrome do Charmin? O conceito foi criado por Peter Lynch, gestor do maior fundo de ações da história, e exposta em seu livro “One Up On Wall Street”, publicado pela primeira vez em 1989 (aproveitando o gancho para dizer que é um excelente livro para iniciar seus estudos na análise de empresas, cheio de insights importantes e com uma escrita simples e objetiva).

Em seu livro, Lynch destaca a diferença entre consumidores inteligentes de investidores inteligentes. Para isso, o autor usa como exemplo um conhecido fictício chamado “Sr. Houndsteeth” – consumidor extremamente dedicado ao fazer estudos e comparações em qualquer compra básica que se propõe a realizar. Entretanto, ao escolher empresas onde irá investir seu dinheiro – que conseguiu guardar justamente diante de tanta atenção em tudo o que consumia – o Sr. Houndsteeth deixa todo o esforço de lado.

Já a tal Charmin, que dá nome ao conceito, é uma marca de papel higiênico da Procter and Gamble (a famosa P&G). Pode parecer estranho, mas Lynch utiliza a marca de produtos higiênicos para destacar a dicotomia de seu personagem. Como o consumidor consciente que é, o Sr. Houndsteeth passa horas lendo artigos a respeito das características das melhores marcas de papéis higiênicos antes de decidir qual irá comprar. Entretanto, no momento de investir na P&G, empresa fabricante da Charmin, ele não demonstra o mesmo empenho nos estudos dos relatórios gerenciais liberados pela companhia.

Apesar do livro ter sido publicado há mais de 30 anos, a síndrome de Charmin é perceptível em diversos investidores atualmente. Enquanto milhares de pessoas acessam ao Youtube, sites e blogs em busca de comparações de produtos diversos, como smartphones, eletrodomésticos e carros, muitos dos mesmos internautas não dedicam a mesma cautela no momento de investir todo esse dinheiro economizado.

Qual a consequência da Síndrome de Charmin nos investimentos?

Agora, vamos trazer o conceito de Lynch e seu papel higiênico para o momento atual da nossa economia? Uma pesquisa feita pela MagnifyMoney (abril/2022) mostrou que 38% dos investidores retiraram suas aplicações da bolsa de valores no último ano. Veja abaixo quais foram os principais motivos que influenciaram as decisões econômicas dos respondentes.

Fonte: adaptado e traduzido de MagnifyMoney (2022).

Veja que vários fatores que impactaram a decisão de retirada do capital dos investimentos na bolsa não deveriam ser novidade para aqueles que investem pensando no longo prazo, como mudanças na política econômica, inflação ou mudanças das taxas de juros. Se o horizonte de investimento na renda variável é de longo prazo, esses não deveriam ser eventos já esperados pelos investidores? Provavelmente sim!

Assim como uma pessoa que trabalha ao ar livre deveria pesquisar se seu celular é resistente a água — já que eventualmente deverá ficar molhado com a chuva— o investidor deveria investir em ações considerando toda a incerteza intrínseca ao cenário econômico.

A capacidade de controle emocional dos investidores diante da volatilidade

Um dos principais assuntos que devem ser estudados quando se inicia a caminhada pelo mundo dos investimentos é a respeito da volatilidade das aplicações e como lidar com elas!

Para deixar todo mundo na mesma página, a volatilidade nada mais é que a variação no preço de um ativos em relação a sua média em determinado período, podendo subir e descer ao longo desse tempo. Essas mudanças são mais fáceis de perceber quando se investe em ações ou fundos imobiliários, por exemplo, pois esses ativos vão mudando de preço diariamente conforme os movimentos de mercado refletidos na bolsa de valores.

O problema, nesse caso, é que muitos investidores não estão preparados para aguentar a volatilidade de suas aplicações, e nas primeiras quedas, tendem a desistir e resgatar os valores.

Lembram que, no início desse artigo, estávamos falando sobre a importância de analisar os investimentos que serão realizados da mesma forma que é importante estudar sobre seus gastos? Então, esse exercício é o que nos ajuda a tranquilizar o coração em momentos de crises ou quedas no mercado.

Nesse sentido, vale destacar que cada classe de ativos tem características distintas, e também são indicadas para diferentes objetivos. Por exemplo, é extremamente importante ter em mente que, ao realizar aplicações em renda variável, esses valores estão sujeitos a variações no preço no curto prazo, como uma montanha russa que sobe e desce. Portanto, investimentos na bolsa só devam ser realizados se você tiver esse perfil, e mesmo assim, após completar uma reserva de emergência segura – afinal, imprevistos acontecem não somente na economia, mas na nossa vida também!

Os primeiros passos podem – e devem – ser cautelosos

Se você está engatinhando no universo das aplicações financeiras por conta própria, não tem problema algum iniciar de forma pequena. Inclusive, essa é uma atitude que está sendo cada vez mais adotada pelos brasileiros.

Uma recente pesquisa da B3 revela que, enquanto o número de investidores na bolsa aumentou entre o primeiro trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2022, o saldo mediano dessas pessoas caiu em cerca de 44%, chegando a um valor de R$4.000 por CPF. Traduzindo: tem mais gente investindo na bolsa, e essa galera está aplicando valores menores enquanto se acostuma com o ambiente de renda variável.

Muitos investidores deixam de investir por medo do desconhecido. “Será que eu sei bem o que estou fazendo?”, “Conheço essa empresa o suficiente?”. Apesar de questionamentos válidos, esse primeiro passo — que é necessário— pode ser feito de forma comedida. Ou seja: não tenha medo de começar com pouco.

Nunca se esqueça da diversificação!

No mesmo estudo feito pela B3 é possível identificar que, além das menores quantias aplicadas, os investidores também estão diversificando mais seus ativos na bolsa.

Em 2016, eram 75% do total de CPFs registrados que tinham um portfólio completamente focado em ações. Já no primeiro trimestre de 2022, esse número está em 35%, mostrando que o pessoal está cada vez mais adepto aos demais títulos disponíveis no mercado variável, como FIIs (Fundos Imobiliários), BDRs (empresas estrangeiras) e ETFs (fundos de investimento atrelados à índices, negociados na bolsa).

A tabela abaixo ilustra esse movimento.

# de investidores 2017 2017 2018 2019 2020 2021 1º TRI 2022
Ações 75% 73% 67% 51% 51% 35% 35%
FII 7% 8% 0% 9% 7% 7% 8%
BDR 1% 0% 0% 0% 0% 17% 16%
ETF 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1%
Demais Combinações 6% 6% 4% 4% 4% 6% 6%
Ações + BDR 2% 1% 0% 0% 2% 7% 7%
Ações + FII 8% 10% 15% 26% 26% 16% 16%
Ações + BDR + FII 0% 0% 0% 0% 2% 5% 5%
Ações + ETF + FII 1% 1% 2% 4% 5% 4% 4%
Ações + BDR + ETF + FII 0% 0% 0% 0% 1% 3% 3%
0,5 0,6 0,7 1,4 2,7 4,2 4,3
Fonte: B3 (2022).

E essa é uma boa notícia! Isso porque diversificar é a melhor forma de proteger os seus investimentos. Não apenas com empresas diferentes, mas em mercados diferentes, países diferentes e moedas diferentes. Dessa forma você evita que eventos negativos específicos impactem os seus investimentos a ponto de te levar a erros comportamentais nos investimentos.

A importância do estudo prévio ao investimento

Com esses dados, ficou fácil de entender como uma análise cuidadosa e aplicações diligentes têm relação direta com os resultados obtidos nos investimentos, certo? E sabe o que pode te ajudar justamente a investir de forma tranquila e diligente, enquanto você ainda está focado nos estudos? Nossas carteiras recomendadas, atualizadas mensalmente pelos especialistas da Rico (e o melhor, elas são gratuitas). Acesse aqui!

Com elas, você poderá começar a investir em Ações, BDRs ou FIIs com as nossas recomendações para ter uma ajudinha na hora de escolher quais os ativos que irão compor sua carteira.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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