- A inflação atingiu 10,4% em janeiro, reforçando o cenário de preços em forte alta no país.
- Para o dia a dia do brasileiro, o resultado reforça a sensação dos últimos meses, vendo seu poder de compra cair gradualmente por conta da alta de preços de bens e serviços.
- Esperamos que a inflação perca força ao longo do ano, mas proteger seus investimentos é fundamental.
- Entenda aqui como proteger seu patrimônio e aproveitar as oportunidades desse cenário!
A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,54% em janeiro. Esse foi o maior resultado desde janeiro de 2016, e levou o índice para 10,38% no acumulado em doze meses.
Ou seja, a alta de preços seguiu o ritmo de aceleração observada no ano passado, quando encerrou o ano em 10,06%.
O resultado não trouxe grandes surpresas, vindo em linha com o que esperávamos – com exceção de leve queda nos preços de alguns serviços. Entre eles, vale destacar transporte por aplicativo (que costuma ser mais volátil), além de preços regulados, como eletricidade e gasolina. O último pode parecer até ironia, dado a acalorada discussão para redução de preços de combustíveis. Mas vale lembrar que, dada a recente alta de preços de petróleo no mercado internacional, os preços de gasolina que vemos hoje na bomba estão hoje defasados em aproximadamente 16% – ou seja, esperamos mais altas em breve.
Por outro lado, os preços de bens industriais seguem em alta acelerada, sendo responsáveis por boa parte da alta observada no mês. Diante de problemas ainda presentes nas cadeias de produção, e insumos como energia e metais surpreendendo para cima nesse início de ano, os altos preços ao produtor devem seguir sendo repassados aos consumidores nos próximos meses.
Para o dia a dia do brasileiro, mesmo com algumas surpresas para baixo, o resultado reforça a sensação dos últimos meses. Em geral, os preços seguem subindo de maneira acelerada, como refletido no índice de difusão, em 67% no mês, sinalizando a relevante presença da inflação na economia. Assim, o movimento de alta de preços corrói o poder de compra das famílias e aumenta a incerteza na economia como um todo – de consumidores, à investidores e empresários.
Por outro lado, um conjunto de fatores internacionais e domésticos devem levar a uma perda de força da aceleração dos preços, especialmente na segunda metade do ano.
O que esperar?
Do lado da economia global, alguns sinais iniciais indicam a gradual melhora na crise nas cadeias de produção.
Ao mesmo tempo, Bancos Centrais ao redor do mundo já se mostraram prontos para responder ao desafio da inflação alta, subindo os juros e reduzindo estímulos implementados para combater os efeitos a pandemia. Após recados mais fortes do lado do Banco Central americano (o FED), o Banco Central Europeu surpreendeu a todos sinalizando altas de juros ainda esse ano na região.
De maneira simplificada, “menos dinheiro no mundo, menor pressão sobre os preços”.
Enquanto isso, aqui no Brasil, a melhora das condições climáticas (especialmente a volta das chuvas, que amenizam os preços de energia) e das safras (que afetam os alimentos) esperadas para o ano devem ajudar a desacelerar os preços.
Mas os juros em alta devem ser o ator principal. Após a última comunicação do nosso Comitê de Política Monetária (o COPOM), esperamos que a taxa Selic vá além dos 11,75% esperados até então. Mas aguardaremos a divulgação de maiores dados para calibrar nossa projeção.
A elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central tem como objetivo controlar a subida dos preços, sendo a base para todas as taxas de juros na economia. Juros altos encarecem o crédito, ajudam a valorizar a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos mais de capital estrangeiro), e impactam as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro.
Expectativas de inflação: o que são?
As expectativas dos agentes sobre os preços futuros são um dos principais fatores por trás da disseminação da alta de preços de um bem ou de um serviço pontual, para todos os outros na economia.
De maneira simplificada, isso ocorre quando aqueles que determinam os preços finais para o consumidor (seja um pequeno prestador de serviços de casa ou o dono de uma rede de restaurantes ou fábricas) acreditam que os preços seguirão em elevação rápida, eles não “esperam para ver”, e já reajustam seus preços.
Caso contrário, se acreditarem que a política do Banco Central será suficiente para reverter a pressão sobre os preços, eles não elevarão seus preços em antecipação, por receio de perderem demanda.
Assim, essa verdadeira profecia autorrealizável é um dos principais fatores determinantes da inflação e da política monetária, especialmente no Brasil – um país com histórico inflacionário.
Com isso, devemos ver nosso principal índice de inflação (o IPCA) cair para 5,2% até o final deste ano.
Mas lembre-se! Não espere sentado a queda dos preços, porque com algumas exceções (como energia elétrica), os preços apenas passarão a subir mais lentamente, e não efetivamente cair.
Como proteger seus investimentos?
Nesse cenário de inflação alta, proteger os investimentos torna-se mais essencial do que nunca. Títulos indexados à inflação, como Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas com vencimento médio, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.
Enquanto isso, a classe de ativos conhecida como alternativos também ganha relevância, especialmente os ativos reais. Esses ativos costumam ter baixa correlação com ciclos econômicos e inflação, como commodities minerais e agrícolas, metais preciosos e criptoativos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Finalmente, também vale destacar alternativas da bolsa. Aqui, selecionamos ações de empresas vistas como de alta qualidade, com margem superior aos seus pares, endividamento baixo, crescimento de lucro e a preços atrativos.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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