• A economia brasileira encolheu no período entre julho e setembro, em comparação com o período entre abril e julho.
  • Mas isso significa que toda a economia foi mal? Não! Existem diferenças consideráveis de crescimento entre os setores.
  • Agora nos resta pensar o que vem pela frente e como seus investimentos ficam nesse cenário. Leia mais para saber tudo sobre isso.

De acordo com dados do IBGE (a principal instituição de estatística no país), o famoso PIB – que se refere ao fluxo de tudo o que produzimos na economia de bens e serviços em determinado período – contraiu 0,1% entre o segundo e o terceiro trimestre desse ano.

Em outras palavras, a economia brasileira encolheu no período entre julho e setembro, em comparação com o período entre abril e junho.

Seguindo a terminologia econômica, isso significa que o país entrou em uma recessão técnica, uma vez que houve queda do PIB em dois períodos seguidos. Por outro lado, se compararmos com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 4% – algo totalmente esperado, dado o auge da crise pandêmica em 2020.

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Por que caímos?

O resultado veio um pouco abaixo do que a nossa expectativa, que era de estabilidade no crescimento; aquele velho “em cima do muro”. Isso porque acreditávamos que a performance positiva do setor de serviços compensaria a queda esperada na nossa produção industrial e agropecuária.

A surpresa, porém, veio em uma queda mais forte no setor de produção agropecuária, que despencou 8% no período, especialmente por conta da quebra de safras agrícolas, como do milho, cana de açúcar, algodão e café, e da fraqueza da pecuária (destaque para produção de gado).

Por outro lado, o setor de serviços cresceu fortemente no último trimestre, puxado pelo avanço da vacinação contra a Covid-19 e normalização das atividades ao redor do país – levando à volta do consumo de serviços, que por muito tempo acabaram “trocados” por bens por conta das restrições de mobilidade.   

Do lado da demanda – ou seja, aqueles que puxam o PIB demandando por todos esses bens e serviços produzidos – o consumo das famílias foi o destaque positivo, e compensou o resultado fraco dos investimentos e o tombo das exportações. Dito isso, o resultado já sinalizou os impactos da inflação alta no poder de compra das famílias, pois a expansão do consumo poderia ter sido maior.  

O que esperar daqui pra frente?

Com a derrapagem no 3º trimestre, o PIB do Brasil pode apresentar crescimento mais próximo a 4,5% em 2021, abaixo dos 5% de alta previstos em nosso cenário atualmente.

E não devemos esperar crescimento (ao menos elevado) em 2022. Com juros em alta para controlar a inflação, incerteza política e desafios ainda grandes no cenário internacional (especialmente com escassez de produtos e altos preços), a nossa economia deve seguir próxima da estabilidade no próximo ano.

E os investimentos?

Para o investidor, especialmente pessoa física, essa queda não deve ter grandes impactos na estratégia de investimentos, nem nos mercados brasileiros. Não porque os movimentos da economia medidos pelo PIB não tenham impacto nas ações de empresas listadas na bolsa ou no mercado de renda fixa e outros ativos financeiros, mas principalmente porque a divulgação do resultado é muito mais um olhar no retrovisor. Ou seja, na ausência de grandes surpresas no resultado, o número costuma refletir dados que já foram analisados nos últimos meses e confirmar expectativas sobre o estado da economia – no máximo ajustando projeções pontuais.

Assim, o cenário indicado para os investimentos nesse momento segue o mesmo: bastante cautela por conta de incertezas no palco político-fiscal doméstico e internacionais (variante Ômicron, alta de juros esperada nos Estados Unidos), atenção aos juros em elevação e diversificação entre classes de ativos e geografias.

Investimentos como títulos de renda fixa indexada à inflação, fundos imobiliários e ações de empresas com fundamentos sólidos seguem boas pedidas, assim como veículos para investimentos internacionais, como BDRs (ações de empresas estrangeiras listadas na nossa bolsa) e ETFs (fundos negociados na bolsa, que replicam índices).

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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