*Por Sol Azcune, analista de política internacional da XP Inc.

No último fim de semana, o grupo fundamentalista Islâmico Talibã tomou poder no Afeganistão 20 anos depois de ser expulso por uma intervenção liderada pelos Estados Unidos. A crise amplia riscos geopolíticos e desgasta a liderança global dos Estados Unidos, assim acelerando um processo de reorganização das dinâmicas internacionais. 

Pela primeira vez desde novembro de 2001, as tropas do Talibã entraram em Cabul, iniciando uma onda de pânico no país e colocando a região em alerta. Em imagens e vídeos que repercutiram no mundo inteiro, foi capturada a tentativa de centenas de pessoas de fugir do país em aviões diplomáticos. O próprio presidente afegão, Ashaf Ghani, escapou e hoje se refugia nos Emirados Árabes com a família.

O Talibã começou a recuperar força com a retirada de forças americanas, um movimento acertado entre o grupo fundamentalista e os Estados Unidos durante o governo Trump em 2020 e implementado por Joe Biden. A decisão é fortemente criticada por todas as forças políticas americanas.

EUA, China, diplomacia e economia

Sob pressão, Biden fez um pronunciamento na segunda-feira (16) na qual defendeu a sua decisão, apesar de reconhecer que os eventos desenrolaram mais rápido do que esperado. “Os EUA não podem participar e morrer em uma guerra em que nem o próprio Afeganistão está disposto a lutar”, disse o presidente americano. Mesmo assim, os eventos devem se tornar uma mancha em sua trajetória política.

Para os Estados Unidos, a crise significa um revés relevante na sua estratégia diplomática, com o enfraquecimento de sua liderança. Os eventos geram desgaste da imagem internacional e levam a questionamentos sobre a sua capacidade de liderança internacional, abrindo espaço para que outros poderes, especialmente a China, assumam maior protagonismo.

Nessa linha, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse nesta segunda-feira (16)  que a China respeitará as escolhas do povo afegão, sinalizando até que o país poderia reconhecer um possível governo do Talibã. A segunda maior economia do mundo não tem grandes interesses em ampliar sua influência no Afeganistão, mas deve procurar crescer seus investimentos em minerais na região.

Vale destacar que o Afeganistão não é um grande produtor de nenhum commodity atualmente — logo, os preços das commodities no mercado não devem ser afetados pelos eventos. No entanto, o país controla uma das reservas mais ricas do mundo de cobre ouro e lítio, minerais importantes para o desenvolvimento de energia limpa.

O próprio Afeganistão

Para a região, os desafios serão numerosos. Conforme destacado pelo primeiro ministro britânico, Boris Johnson, existe a possibilidade que a chegada do Talibã ao poder impulsione o extremismo no Oriente Médio e crie “solo fértil” para o terrorismo — algo que não gera preocupação apenas no país em si, mas cria também maior risco de desestabilização para países vizinhos.

Vale notar ainda que, conforme ilustrado pelas imagens e vídeos de aeroportos em dias recentes, se espera um grande fluxo de saída de afegãos do país nos dias e semanas por vir, o que deve também afetar principalmente países vizinhos, como Turquia, China, Paquistão e Irã.

O que esperar de um governo Talibã?

Ainda é cedo para fazer determinações sobre o caminho a ser tomado pelo novo governo afegão, assim como para entender todas ramificações dos eventos recentes para as dinâmicas internacionais.

De toda forma, o risco geopolítico gerado pela tomada de poder do grupo fundamentalista e o enfraquecimento da liderança americana em meio a uma disputa maior por poder entre os Estados Unidos e a China, amplia incertezas sobre dinâmicas globais. O movimento gera preocupação tanto no curto-prazo, principalmente somado à ameaça da variante Delta da Covid-19, assim como no longo-prazo.

Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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