Depois de praticamente seis anos, o Copom deve aumentar a taxa básica de juros (Selic) na reunião de hoje;
Nossa expectativa é que ela suba 0,5 ponto percentual a cada uma das próximas 6 reuniões, fechando o ano em 5% a.a.;
Parece muito, mas isso ainda significa juro real (acima da inflação) muito próximo de zero, mostrando que ainda é preciso correr um certo risco para ganhar dinheiro investindo;
Saiba quem ganha e quem perde nos investimentos com o movimento.
Depois de praticamente seis anos, é provável que hoje o Copom (Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central) aumente a nossa taxa básica de juros, a Selic.
Nossa expectativa (e da maior parte dos economistas) é que esse aumento seja de 0,5 ponto percentual, para 2,5% ao ano, movimento que deve continuar nas próximas reuniões até que a taxa atinja 5% a.a. em 2021. Faremos uma live sobre isso no nosso YouTube às 19h15, logo depois da decisão.
Como não poderia deixar de ser, essa alta na taxa de juros que permeia toda a economia também tem impactos nos seus investimentos. Hoje é dia de lembrar quem ganha e quem perde para ajudar nossos(as) 13 leitores(as) a tomar as melhores decisões de investimento nesse cenário.
Renda fixa: olho nas taxas
A primeira classe de investimentos que vem à mente quando falamos em mudanças na Selic é a renda fixa pós-fixada, aquela que paga um percentual da própria Selic ou do CDI (taxa interbancária que acompanha a Selic e é usada em títulos privados). Sim: intuitivamente, um CDB 100% do CDI pagava 2% ao ano e agora passa a pagar 2,5% ao ano.
Além da reserva de emergência, que necessariamente deve estar em um pós-fixado de liquidez diária, aumentamos em março a nossa exposição a fundos e ativos com esse tipo de remuneração para capturar esse movimento.
Os outros tipos de renda fixa (prefixada e indexada à inflação) também se movimentam com a alta dos juros — já vinham se movimentando, aliás.
Lá atrás, entre janeiro e fevereiro, a reação ao anúncio de que a Selic poderia começar a subir em breve foi de alta dos juros dos investimentos sem liquidez de curto prazo (para responder à expectativa de uma Selic mais alta ainda em 2021) e queda nos de longo prazo. É o que vemos no gráfico abaixo, que mostra preços e taxas do Tesouro prefixado 2022 (indisponível hoje na plataforma do Tesouro Direto) entre o dia seguinte à reunião do Copom de janeiro e 15 de março.
Fonte: Tesouro Direto
Caso o cenário de alta de 0,5 ponto percentual se confirme, é possível que as taxas de curto prazo caiam, para refletir esse ritmo de aumento, e as de longo prazo “empinem” (principalmente se o discurso da autoridade monetária for mais ‘hawkish’, ou seja, mais inclinado a novas altas nos juros). Se formos surpreendidos com um aumento mais forte, de 0,75 ponto, por exemplo, a reação mais provável seria a oposta — altas nas taxas de curto prazo e quedas nas de longo prazo.
Por que isso? Embora os analistas de mercado apostem em alta de 0,5 p.p. nesta reunião, o mercado precificou a taxa de curto prazo acima desse patamar (ou seja, as taxas de juros de curto prazo hoje indicam uma subida mais rápida dos juros, mais próxima de 0,75 p.p. do que de 0,5 p.p.). Por isso, um aumento de 0,5 p.p. faria com que o juro de curto prazo precisasse se adequar a esse cenário, caindo; e um aumento de 0,75 p.p. pediria a adequação oposta, de alta das taxas de curto prazo. Já as taxas mais longas respondem mais ao discurso da autoridade monetária no comunicado, que indica a postura das próximas reuniões.
Em qualquer uma das hipóteses, podemos esperar taxas de prefixados e indexados à inflação reagindo, com os preços se movimentando em sentido oposto (alta nas taxas -> desvalorização do título e vice-versa), como a analista Camilla Dolle explicou neste outro Insight.
Em ambos os cenários, consideramos importante ter em carteira investimentos em renda fixa indexados à inflação, principalmente para proteger as suas finanças do ainda pouco previsível aumento nos preços no curto prazo (conheça nossas indicações para os perfis conservadores, moderados e agressivos). Só tiramos um pouco o pé do acelerador no começo do ano, depois de altas fortes nos preços desses títulos.
E só para não esquecer: essas variações nos preços só afetam efetivamente quem optar por sair da posição em renda fixa antes do vencimento. É possível vender seus títulos com ganhos “turbinados” amanhã, a depender da reação do mercado, ou até ter prejuízo, mas, se você mantiver o investimento até o vencimento, a rentabilidade prometida no dia da contratação vai ser cumprida.
Renda variável: ainda importante
A lógica mais comum repetida no mercado quando a Selic começa a subir é de uma queda na popularidade dos investimentos mais arriscados. Com isso, já tem gente com medo de baixas na bolsa de valores.
Mas esse temor não deveria pautar suas decisões, ao menos por enquanto, porque ainda não dá para realmente ganhar dinheiro sem risco.
Explico. não podemos esquecer que, mesmo subindo, a taxa de juros brasileira não está alta: a visão ainda é de juros reais (ou seja, subtraindo a inflação) próximos de zero. A expectativa do nosso time de macroeconomia é de Selic em 5% a.a. em 2021 e IPCA (a inflação oficial do país) em 4,9% no fim do ano. Com isso, quem ficar no CDI pode ganhar apenas 0,1% em termos reais em 12 meses.
Projeções Rico/XP Inc. | |||||
2018 | 2019 | 2020 | 2021 (E) | 2022 (E) | |
Crescimento do PIB (var. real %) | 1,3 | 1,1 | -4,1 | 3,2 | 1,5 |
IPCA (var. 12m %) | 3,8 | 4,3 | 4,5 | 4,9 | 3,5 |
SELIC (% a.a, fim de período) | 6,5 | 4,5 | 2,0 | 5,0 | 5,0 |
Fonte: IBGE, BCB, Bloomberg. Estimativas (E): XP Investimentos.
Conclusão: quem quer realmente ver seu patrimônio crescer com investimentos ainda não pode deixar de tomar riscos. Mantemos a nossa visão de que a Bolsa tem, sim, espaço para subir neste ano, com a eventual recuperação da economia, a vacinação, o repasse da inflação nos preços de seus produtos e tudo mais que estamos falando nos últimos meses. Porém, vale lembrar que apesar da bolsa estar relativamente barata, há riscos no ritmo do crescimento econômico e político. Por isso, empresas com bons fundamentos (e de preferência baratas) são boas integrantes da carteira — confira aqui uma lista de 12 ações de alta qualidade que estão “descontadas”.
Mas e os setores?
Claro que empresas diferentes reagem de maneiras diferentes às mudanças na Selic. As ações que se beneficiam diretamente da alta nos juros tendem a ser as de bancos e seguradoras, que podem aumentar seus spreads (o quanto ganham com o que cobram de juros menos o que pagam) e potencializar sua receita.
Por outro lado, empresas de varejo e de construção civil tendem a ser negativamente afetadas por juros mais altos. Para entender isso, é só pensar que o parcelamento passa a doer mais no bolso dos clientes, que passam a evitar gastar quando possível. Apesar disso, o ritmo de crescimento da economia pode fazer muita diferença nessa dinâmica, e o nível dos juros ainda está longe de deixar de ser estimulativo. Para saber quais as ações que gestores e analistas do mercado mais gostam, não deixe de conhecer as nossas Estrelas da Bolsa.
Aliás, falando em imobiliário, os FIIs (fundos de investimento imobiliários) têm uma relação bem forte com a taxa Selic. Quando os juros caem, eles compõem uma das classes favoritas para investidores(as) em busca de mais rentabilidade com volatilidade intermediária (não tão alta quanto a da bolsa). Mas vale reforçar aqui o ponto que já dissemos antes sobre juros reais: continuamos bem distantes de ter retornos vantajosos sem riscos. Daqui alguns dias, traremos um insight inteirinho sobre os FIIs nesse cenário!
Elaborado por:
Betina Roxo, CNPI 1493
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