por Giant Steps
Na quarta edição da parceria entre a Rico e a Giant Steps, te convidamos a repensar o significado do termo “quantitativo”. Qual é o limiar que divide a gestão quantitativa da tradicional? Ele existe mesmo? Boa Leitura!
Imagine que você foi o inventor do primeiro carro.
É 1896 e você quer comunicar ao mercado sua mais nova invenção que, comparada ao cavalo, é infinitamente melhor. Não adoece, não precisa descansar, não suja as ruas, não come e não bebe água.
Você chama as pessoas mais ricas da cidade e exibe sua mais nova invenção, carinhosamente batizada de “automóvel”.
Resultado provável: “você está louco!”, “cadê o cavalo?”, “e se ele ficar louco e começar e me levar para o lugar errado?”
Qual a chance real de as pessoas abandonarem o confiável meio de transporte da época, que já utilizam por 2.000 anos, por uma geringonça estranha chamada automóvel? Radical demais.
É por isso que o primeiro automóvel foi genialmente batizado de “carruagem sem cavalos”. Foi a forma brilhante que os marketeiros da época usaram para criar uma “ponte” mental entre o que as pessoas estavam acostumadas e uma mudança disruptiva.
Este é o drama que nós vivemos na Giant hoje. A “ponte” do nosso tempo e no nosso mercado é a tal palavra “quantitativo”, que quer dizer… absolutamente nada.
Quantitativo nada mais é que tecnologia. Quando dizemos que o processo de investimento é quantitativo, isto significa apenas que seguimos um processo rigorosamente científico.
O que nós fizemos, na prática, foi sistematizar (e por consequência aprimorar) o processo de escolha dos investimentos.
Como um gestor “tradicional” toma uma decisão de investimentos? O gestor cria uma tese, valida, e então executa. Veja um exemplo (apenas para fins ilustrativos):
Tese: Cenário de PIB crescendo, inflação controlada e juros baixos. O gestor pensa em comprar bolsa.
Validação: Equipe de pesquisa analisa riscos de reversão do PIB, escalada de inflação e aumento de juros. Não encontra nada relevante.
Execução: O trader manualmente acessa o mercado e compra bolsa.
Quando o macro vira quant
Em um dado momento o gestor percebe que não precisa mais de um ser humano para apertar um botão para executar a operação. Ele contrata um software que emite as ordens automaticamente. O fundo passa a ser quant?
Em um dado momento, para validar a tese, o gestor usa uma HP para calcular o preço justo de uma ação. O fundo passa a ser quant?
E se ele usasse o Excel, ao invés da HP? E se ele usasse o Python (uma linguagem de programação), ao invés do Excel? E se ele usasse um software de inteligência artificial, ao invés do Python?
Quando o fundo passa a ser Quant? Onde está a fronteira entre Quant e não-Quant?
Na verdade, como você já deve ter percebido, “Quant” é apenas o uso de tecnologia para maximizar o potencial de análise de um ser humano. O gestor sempre estará lá para criar e direcionar as estratégias. Mas se ele estiver sozinho, apenas limitado à sua leitura manual, quão eficiente ele realmente será na seleção e compra de bons ativos?
Dizer que um fundo é quantitativo é o mesmo que dizer que comprou um carro que tem rodas – não significa nada.
Todos os fundos são, em maior ou menor grau, quantitativos. A diferença é apenas a intensidade do uso da tecnologia.
É o mesmo caso das Fintechs. O que é uma Fintech? Uma instituição financeira que usa tecnologia? Neste caso os grandes bancos do país são as maiores Fintechs.
Cuidado com palavras que estão na moda. Muitas vezes, na prática, elas não querem dizer muita coisa.
O novo e melhorado processo de gestão
Se a tecnologia existe, por que não fazer uso dela?
Voltando no exemplo de investimento, vemos dois modelos distintos:
Gestão tradicional
Tese: Olha o PIB, inflação e Juros atual. Usa a experiência para lembrar do passado.
Teste: Não testa
Execução: Manual
Gestão tecnológica
Tese: Equipe de dados levanta todos os indicadores macro e microeconômicos de diversos países e cruza esses dados com os preços dos ativos de mercado para identificar como um indicador afeta o preço de mercado.
Realiza análises estatísticas para encontrar outros indicadores, além daqueles que tinha pensado que impactaram os preços dos ativos.
Teste: Equipe de gestão valida a tese para o cenário brasileiro, com base em testes estatísticos e cruzamento de informações com outros países para verificar a validade da tese em mercados distintos.
A equipe também faz análise prospectiva das variáveis para banco de dados sintéticos para validar poder de previsibilidade dos indicadores selecionados.
Execução: Equipe de tecnologia, munida de servidores colocados diretamente no prédio da B3 e recebendo todas as ordens colocadas na bolsa de valores, liga o modelo executor de ordens que recebe as informações econômicas e instantaneamente emite ordens para o mercado de forma a montar as posições corretas seguindo os limites de risco do fundo.
O sistema de execução é baseado em técnicas de inteligência artificial que minimizam o impacto das ordens no mercado e os custos de transação.
Qual sistema parece mais confiável?
Duas coisas são importantíssimas:
1 – Note que a tese de investimentos não surgiu “sozinha”. Não foi um “robô”, ou uma máquina autoconsciente, que criou. Um ser humano, assim como qualquer gestor tradicional, teve uma ideia de investimento, e criou uma hipótese sobre o funcionamento do mercado a partir dela.
2 – Supondo um gestor que não queira usar tecnologia. Seria viável para um ser humano calcular todos os dados de PIB, inflação, juros e bolsa de mais de 20 países e milhares de empresa, todos os dias?
Cuidado para não enganar a si mesmo
“Não gosto de fundos que utilizam tecnologia (a partir daqui a palavra “Quant” está banida) porque não dá pra saber o que estão fazendo.”
Vamos desconstruir esse pensamento.
Você espera de um gestor profissional que ele atue no mercado financeiro de forma racional, correto? Se um gestor se deixa levar por emoções em momentos de tensão, não é um bom gestor.
Portanto concorda que ações tomadas com base em emoção são prejudiciais, ou pelo menos arriscadas, ao fundo.
Se o gestor segue um modelo racional de investimento, ele necessariamente segue um processo, mesmo que mental.
Neste caso, quem segue um processo padrão melhor, um ser humano ou uma máquina?
Aí você argumenta: “Mas num momento de stress a máquina não tem a intuição do ser humano!”.
Vamos pensar nisso mais a fundo.
Em um momento de stress, existem duas rotas possíveis a seguir: 1) seguir os limites de risco estabelecidos em processo anterior ao evento e sair das posições que ultrapassam esses limites; ou 2) acreditar que sua intuição é mais forte e que, neste momento, faz sentido continuar nas posições pois o mercado está irracional e vai voltar ao normal.
Podemos montar uma lista (bem) longa dos gestores que quebraram acreditando na segunda opção.
A lista dos que quebraram seguindo a primeira opção está vazia.
O grande risco é que a lista dos que não quebraram e seguiram a própria intuição tem um apelo emocional gigantesco para nós seres humanos. O que me leva ao próximo ponto: nosso vício por boas histórias.
Story telling
Se você ainda não investe em fundos que utilizam alta tecnologia, uma das explicações é que talvez o que mais te incomoda é a falta de história.
O software do nosso cérebro humano roda através de histórias. Nosso diálogo interno roda contando histórias para nós mesmos (leia o último livro do Harper).
Isto tem um enorme perigo envolvido pois acabamos acreditando nas histórias que contamos para nós mesmos, mas isso é assunto para outro post. Por enquanto, saiba apenas que nós, como seres humanos, temos um enorme viés de gostar de histórias.
É muito inspirador ouvir histórias dos gestores que tiveram sangue frio de segurar posições perdedoras e acabaram ganhando milhões, mas, infelizmente, a cada 1 gestor que conseguiu fazer isso, outros 20 quebraram com posições opostas. Além disso, esse gestor que teve sucesso, se continuar a agir dessa forma, invariavelmente vai se deparar com o mesmo destino dos outros 20.
Tome muito cuidado com aquela história do investidor que “comprou Forjas Taurus a R$ 1,30 e vendeu a R$ 13 depois de 6 meses”.
Nós seres humanos adoramos histórias, ainda mais aquelas nas quais o herói vence no fim. Mas você prefere ter uma história ou ter dinheiro?
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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