Insight Rico: O dia mais aguardado do ano chegou
E num piscar de olhos, um dos dias mais importantes do ano (se não O mais importante), chegou: o dia de eleger o 46º presidente dos EUA.
Após uma noite de eleição nos EUA sem definições, o foco dos mercados está voltado ao anúncio de novos resultados nos EUA. Com vitória de Trump na Flórida e melhor desempenho do que esperado em estados do meio-oeste, as chances de uma definição da disputa pela Casa Branca no dia da eleição evaporaram.
Apesar de o presidente ter se declarado vencedor, fica claro que a disputa ainda está muito acirrada para apontar quem será o próximo presidente dos EUA. Biden diz que permanece otimista, mas reconheceu que ainda era cedo para declarar vitória ou aceitar a derrota, pedindo “paciência” ao eleitorado.
Nas próximas horas e dias, ficaremos de olho em três estados chave: Wisconsin, Geórgia e Michigan. Para vencer, os candidatos precisam levar dois dos três. Vale destacar ainda que os democratas consolidaram a maioria na Câmara, mas as suas chances de obter controle do Senado foram reduzidas com vitória de candidatos republicanos em estados como Montana e Iowa.
Enquanto aguardamos o resultado final (e para saber o que você pode fazer enquanto isso, clique aqui)…vamos aos diferentes cenários existentes:
1. Trump se reelege e Congresso se mantem dividido
Reação do mercado: positiva – continuidade do governo e possível aprovação de um grande pacote de estímulo econômico após as eleições, num valor de US$1,8 trilhões (8,4% do PIB americano).
2. Biden eleito com Congresso dividido
Reação do mercado: positiva – com congresso dividido, a probabilidade dos democratas aprovarem um plano de aumento de impostos impopular seria menor. Além disso, o pacote de estímulos aprovado pelos democratas deve ser ainda maior que o pacote dos republicanos (pelo menos US$2,0 trilhões segundo os jornais, ou quase 10% do PIB).
3. Biden eleito, Senado e Câmara com maioria Democrata, por pequena margem
Reação do mercado: neutra/negativa no curto prazo, positiva médio/longo – como já mencionado, uma pequena maioria no Senado não deve dar vantagem suficiente aos democratas para levar em frente e aprovar medidas impopulares, como um aumento de impostos. Além disso, esse já é o cenário base precificado no mercado hoje, e não deveria trazer tantas incertezas.
4. Biden eleito com Senado e Câmara com maioria Democrata, por ampla margem (probabilidade baixa)
Reação do mercado: negativa – medidas propostas pelos democratas como regulação antitruste mais agressiva e controles de preços de medicamentos seriam aprovadas mais facilmente. A maior parte dos setores sofreria com aumento de impostos, mas o farmacêutico e de energias não renováveis sofreriam mais devido à reorientação da Casa Branca.
5. Eleições contestadas na Suprema Corte
Reação do mercado: negativa – incerteza de quem ganhará a eleição aumenta, assim como a probabilidade de tensões sociais, como vimos ao longo dos últimos meses.
E o Brasil com isso?
Caso Trump seja reeleito, a relação com o Brasil não deve passar por grandes mudanças nos próximos anos, já que o atual governo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, tem um alinhamento ideológico e aproximação maior com o atual presidente americano.
Por outro lado, os democratas têm uma forte agenda de meio ambiente e energias renováveis, como mencionamos em outros relatórios.
Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores de energia de fontes renováveis no mundo (etanol e geração hidrelétrica), a visão do mundo em relação ao controle ambiental se deteriorou rapidamente, principalmente em relação às queimadas na Amazônia.
O candidato democrata Joe Biden inclusive citou o Brasil no primeiro debate, e propôs que países de todo o mundo forneçam US$20 bilhões destinados à preservação das florestas. Ele também disse que o Brasil enfrentará consequências econômicas significativas, caso o país não controle os desmatamentos.
Porém, segundo Sol Azcune, analista de política internacional da XP Inc, a relação entre países não deve ser muito diferente com quaisquer dos dois presidentes, pois o Brasil também não teve grandes benefícios até agora pelo alinhamento ideológico com Donald Trump.
Como e onde investir considerando os cenários para as eleições?
Apesar de tantas partes nesta equação, os EUA seguirão sendo a 1ª ou 2ª maior economia do mundo, com as melhores empresas. Além disso, a força do dólar com alta dependência do mundo, somada à habilidade dos EUA de emitir quantidades elevadíssimas de dívida sem que haja uma grande reação do mercado, são enormes vantagens ao país.
Mesmo com potenciais impactos negativos a setores específicos, os setores de tecnologia, farmacêutico e biotecnologia, por exemplo, colocam o mercado americano à frente de outros no mundo, seguindo uma alta atratividade por serem empresas de crescimento acima da economia.
Portanto, ter exposição ao país é interessante em qualquer um dos cenários das eleições. Lembrando que no último mês o investimento em empresas globais direto pela bolsa brasileira (BDRs) foi liberado a todos os investidores pessoa física, e não apenas aos investidores qualificados. Fizemos uma série de conteúdos, desde o que são BDRs a como escolhê-los aqui.
Por fim, ao compararmos a bolsa americana à brasileira, no curto prazo, a bolsa americana pode continuar apresentando uma equação de risco e retorno mais favorável, mesmo com aos reflexos das eleições americanas, devido principalmente à maior exposição ao setor de tecnologia e à enorme capacidade de estímulos a economia.
Até agora, os EUA já injetaram na economia mais de US$6,5 trilhões (31% do PIB), entre estímulos fiscais e monetários. Além disso, o novo pacote de estímulos deve ficar em pelo menos mais US$2 trilhões (10% PIB), a ser anunciado após as eleições.
No médio e longo prazo, por outro lado, a Bolsa brasileira parece oferecer maior potencial de valorização, dado o desconto em relação a outras bolsas no mundo e assumindo que o cenário doméstico não se deteriore.
Logo, vemos a exposição às ações americanas e brasileiras como complementares (se de acordo com o perfil do investidor/a) e muito positiva para uma carteira de investimentos diversificada.
Em relação aos riscos para as bolsas, vale destacar: i) 2ª onda do coronavírus levando a uma nova retração, ii) riscos fiscais no Brasil e não avanço das agendas de reformas, e iii) resultado negativo das eleições americanas, levando à forte queda nos mercados.
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Resumo do dia: Sitting, waiting, wishing
(por Júlia Aquino)
Amanhecemos nesta quarta-feira ainda sem um presidente eleito nos EUA, com os mercados aguardando ansiosamente um vencedor claro da eleição de 2020. A votação acabou ontem, mas a apuração ainda está acirrada e não devemos ter um resultado tão cedo.
Nos EUA, os futuros de S&P sobem 0,72% nesta manhã, se recuperando da queda causada pela declaração precipitada de Trump de que tinha vencido a eleição na madrugada, o que deixou o mercado receoso quanto a possibilidade de judicialização do resultado do pleito.
Apesar do republicano liderar a contagem de votos em vários estados, o democrata Biden está logo atrás e ainda não é possível dizer quem vai ganhar a disputa.
As chances de uma ‘blue wave’ (presidente e congresso democratas) diminuem à medida que a apuração avança, indo contra as pesquisas mais recentes. Os Democratas já consolidaram maioria na Câmara, mas ainda não há definição no Senado.
Com um congresso dividido, a aprovação de novos estímulos pode ficar mais difícil e o mercados apresentam movimentação de risk-off, com aumento em posições mais defensivas e menos suscetíveis as variações do ciclo econômico (leia mais abaixo).
Fonte: New York Times, as 7:57 de 04/11
Bolsas sobem 0,3% na Europa, mas movimento é misto, com mercados acompanhando voto a voto a decisão de quem vai ser o próximo presidente americano.
No Brasil, o Senado aprovou ontem o projeto de lei que confere autonomia formal ao Banco Central, com mandato fixo para sua diretoria, e o texto segue à Câmara ainda sem data para ser apreciado. Hoje estão em pauta no Senado vetos importantes do presidente Jair Bolsonaro, e o veto do presidente à desoneração da folha de pagamentos de empresas de 17 setores da economia deve ser derrubado.
Por fim, faremos uma live às 15h para falar do assunto mais importante do dia. Não percam! Basta clicar aqui.
Agenda da Semana |
Quarta-feira, 04 09h00: Brasil – Produção industrial mensal set (exp BBG: 2,4%; exp XP: 2,2%; ant:3,2%)11h45: EUA – PMI Serviços out (ant: 56) |
Quinta-feira, 05 07h00: Zona do Euro – vendas a varejo set (exp: -0,5%; ant: 4,4%) 09h00: Reino Unido – decisão da taxa de juros (exp: 0,1%; ant: 0,1%) 10h00: Brasil – PMI Serviços out (ant:50,4) 10h30: EUA – Novos pedidos seguro-desemprego 16h00: EUA – Decisão Taxa FOMC (exp: 0,0 a 0,3%; ant: 0,0 a 0,3%) 16h30: Powell fala em coletiva de imprensa pós-FOMC |
Sexta-feira, 06 04h00: Alemanha – Produção industrial saz set. (exp: 3,9%; ant: -0,2%) 09h00: Brasil – IPCA inflação IBGE a.m. out (exp XP: 0,88%; ant: 0,6%) 09h00: Brasil – IPCA inflação IBGE a.a. out (exp XP: 3,94%; ant: 3,1%) 10h30: EUA – taxa de desemprego out (exp: 7,7%; ant: 7,9%) |