O Ibovespa tem alcançado recordes históricos ao longo de 2025, renovando sucessivamente seu valor máximo e refletindo a valorização consistente de diversas empresas brasileiras. Esse desempenho destaca a força e a resiliência do principal índice do mercado de ações do país, mesmo diante de um cenário marcado por ruídos, desafios e incertezas. 

É importante lembrar que, no início do ano, o ambiente era de grande cautela, com investidores preocupados com as incertezas fiscais internas e a inflação persistente. Além disso, fatores externos, como o anúncio histórico de tarifas comerciais nos Estados Unidos em 2 de abril, também contribuíram para um clima de volatilidade global. Ainda assim, o Ibovespa conseguiu superar essas adversidades e retomar seu patamar recorde, reforçando uma mensagem central que sempre enfatizamos em nossos relatórios: a importância de manter uma carteira diversificada e de fazer escolhas estratégicas.

A seguir, vamos analisar os principais fatores que impulsionaram essa forte tendência de alta no Ibovespa e as perspectivas para o mercado daqui em diante.

Quais motivos levaram o Ibovespa a renovar seu topo histórico?

Diversos fatores impulsionaram a recuperação da bolsa brasileira em 2025, levando o Ibovespa a sucessivas máximas históricas. O principal motor dessa retomada foi a entrada expressiva de capital estrangeiro, que hoje representa mais de 50% do volume negociado no mercado à vista de ações no Brasil.

Esse fluxo de investidores internacionais foi estimulado por uma combinação de elementos, entre os quais destacamos:

  • Alívio técnico: No final de 2024, o mercado estava bastante pessimista, com preços das ações significativamente baixos em comparação ao histórico. O múltiplo Preço/Lucro (P/L) do Ibovespa chegou a 6,8x, muito abaixo da média dos últimos 15 anos, que é de 10,8x. Com a redução dos ruídos domésticos, houve uma descompressão do risco, favorecendo a recuperação dos preços.
  • Preços atrativos e fundamentos sólidos: Muitas empresas brasileiras passaram a ser negociadas a múltiplos abaixo da média histórica, mas com fundamentos microeconômicos robustos, o que despertou o interesse dos investidores.
  • Rotação de capital global: Em meio a um cenário de crescente incerteza nos Estados Unidos e um dólar mais fraco, houve uma migração de recursos para mercados emergentes, como o Brasil, em busca de melhores oportunidades.
  • Início do ciclo de cortes de juros nos EUA: A expectativa de redução das taxas de juros americanas contribuiu para um ambiente mais favorável ao investimento em ativos de maior risco.
  • Fim do ciclo de alta dos juros no Brasil: Na reunião do Copom em junho, o Banco Central indicou que o ciclo de elevação da taxa Selic chegou ao fim, salvo mudanças no cenário. A perspectiva de juros estáveis e a antecipação de possíveis cortes na Selic aumentaram o apetite ao risco dos investidores, impulsionando a bolsa brasileira.
  • E mais recente: alívio nas tensões comerciais. Avanços diplomáticos entre as lideranças do Brasil e China com os Estados Unidos, contribuíram para melhorar o humor dos investidores no último mês.

Sobre o ciclo de juros, a medida que os investidores antecipam uma virada no Brasil, setores mais cíclicos, como varejo e construção civil, voltaram a ganhar protagonismo. Além disso, outros setores têm demonstrado resiliência e capacidade de se destacar em diferentes cenários, como os de comunicação, utilidade pública e financeiro. Esses setores têm oscilado em uma tendência de alta, contribuindo significativamente para a valorização do índice.

Com o novo topo histórico do Ibovespa, como se posicionar?

Mantemos uma visão construtiva para a bolsa brasileira, sustentada por alguns fatores-chave:

1. Dólar mais fraco: No cenário internacional, o dólar continua em um movimento de enfraquecimento, refletindo o crescente questionamento sobre o papel dos ativos americanos como “portos seguros” globais. Historicamente, a desvalorização do dólar tende a beneficiar os mercados emergentes, ao mesmo tempo em que o fluxo de capital estrangeiro fortalece as moedas desses países, criando um ciclo positivo de retroalimentação.

2. Preços atrativos: Apesar da alta recente, os preços das ações brasileiras continuam atrativos quando comparados ao histórico e a outros mercados emergentes. Essa atratividade no valuation, medida pelo índice Preço/Lucro (P/L), indica que as ações aqui estão relativamente baratas, o que abre espaço para valorização futura.

3. Expectativas de juros: Após a sinalização do Banco Central sobre a pausa no aperto monetário, o mercado passou a monitorar sinais de possível início do ciclo de cortes na taxa Selic. Nosso time estima que a Selic deve começar a cair no primeiro trimestre de 2026. E esse cenário de afrouxamento monetário costuma ser favorável para o mercado de ações.

Realizamos um estudo que mostrou que, nos últimos 20 anos, o Ibovespa subiu em 60% das vezes nos seis meses que antecederam o início dos ciclos de cortes de juros no Brasil — e avançou em 100% dos casos nos seis meses seguintes ao primeiro corte. Ou seja, há uma base histórica sólida que sustenta o otimismo atual.

Diante disso, gostamos de dizer que o cenário atual está ‘bonito demais’ para quem tem a disciplina de poupar e investir. Selic a 15% ao ano, bolsa brasileira renovando topo histórico e com potencial para continuar nessa tendência de alta. Parece-nos, de fato, uma janela de ouro para os investidores.

Vale destacar que manter uma visão construtiva não significa que não enxergamos riscos adiante. Alguns pontos merecem atenção: 

  1. Política comercial e monetária dos EUA: Apesar do alívio recente nas negociações comerciais, os ruídos em torno desse tema ainda podem gerar volatilidade no mercado. Além disso, a continuidade do “apagão de dados” provocado pelo shutdown americano e o tom mais duro adotado por Jerome Powell, presidente do Banco Central dos EUA, após a última decisão de política monetária, deixaram em aberto a continuidade do ciclo de queda dos juros nos Estados Unidos. Esse cenário pode se refletir em menor apetite por risco nos próximos períodos, dependendo das novidades que surgirem sobre esses assuntos.
  2. Trade eleitoral: Com as eleições de 2026 se aproximando, o mercado já começa a reagir às movimentações políticas. A expectativa sobre candidatos e propostas pode aumentar a volatilidade, especialmente em setores sensíveis a mudanças de governo. 
  3. Risco fiscal latente: apesar de certa redução do risco de curto prazo (com medidas para elevar a arrecadação permitindo que o governo “feche as contas no azul”), o desafio estrutural de elevação da dívida pública segue contribuindo para a precificação de risco dos ativos brasileiros. Em outras palavras: o alívio imediato não significa a solução do problema.

Do ponto de vista da análise técnica, o Ibovespa segue em tendência de alta. No entanto, no curto prazo, pode ocorrer um movimento de correção. Ou seja, uma queda temporária que não altera a tendência principal, mas que pode abrir espaço para novas entradas em preços mais atrativos.

Um primeiro alvo importante, em 150 mil pontos, já foi atingido. O próximo objetivo técnico está em 156 mil pontos, mas até lá há espaço para ajustes no preço, o que reforça a importância de acompanhar os sinais de curto prazo.

Qual nossa recomendação para as ações neste momento?

Diante desse cenário, não é necessário assumir riscos elevados para buscar uma boa performance. Recomendamos um portfólio equilibrado, com foco em empresas sólidas e de qualidade, que têm apresentado resultados consistentes. É importante reconhecer os riscos que ainda existem, o que reforça a necessidade de uma carteira diversificada e bem estruturada.

Não obstante, a proximidade da queda dos juros abre espaço manter parcela da carteira em setores e empresas que tendem a se beneficiar desse movimento. Assim, é possível buscar um equilíbrio entre proteção e crescimento, considerando as condições atuais do mercado.

Quer saber mais detalhes de como se posicionar nesse cenário? Acesse nosso relatório completo sobre Onde Investir.

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 6928

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