Insight Rico: Em meio a tantas dúvidas, uma certeza
Caros(as) 13 leitores(as), trago aqui para começo de conversa sábias palavras do vencedor do Nobel de Economia de 2008: Paul Krugman. Ele é um economista norte-americano, de cujo livro me lembro muito bem dos tempos de faculdade.
Em vez de dizer “é um mundo complicado, não compreendo”, diga “tudo bem, deixe-me tentar descobrir isso”.
Estudar economia exige um retrocesso de todos os detalhes para dizer “o que é o essencial aqui? Qual é a história?”. É sobre pessoas. Não é sobre dinheiro e acaba sendo, na verdade, sobre como as pessoas se comportam. Uma economia realmente boa tem uma beleza que se resume a apenas 2 princípios: (i) Notas de cem dólares não ficam nas ruas por muito tempo (ii) Toda venda também é uma compra.
Dito isso, dúvida é o que não nos falta nesse ano, certo? Pois bem, para compreender a economia, e como retomaremos ou não o crescimento, devemos levar em consideração as belas palavras de Paul.
Como será o crescimento pós pandemia? (Ou melhor, como as pessoas vão se comportar?) A inflação vai subir? (O poder de compra da população será prejudicado?) Teremos juros baixos até quando? E o câmbio? (O que mudam na nossa vida?) E uma das dúvidas que está presente desde antes da pandemia: vamos avançar com as reformas estruturais?
Bom, com o Congresso Nacional provavelmente em recesso entre dezembro e janeiro, o primeiro grande tema do ano será o comportamento da economia (que se traduz pelo comportamento das pessoas) com o fim dos programas governamentais, que impulsionaram a recuperação em “V” do consumo no segundo semestre de 2020.
A incerteza, como bem sabemos, começa antes. Os casos de contaminação e hospitalização pela Covid-19 aceleraram nas últimas semanas e podem pesar sobre a economia ainda no quarto trimestre de 2020. Mesmo que os governos regionais optem por medidas restritivas mais leves, a aversão ao risco de pessoas e empresas já deve causar algum efeito sobre comércio e serviços -> o famoso “distanciamento social voluntário”.
O tamanho do impacto depende da evolução desta nova fase da pandemia, difícil de prever. Depende também do início da vacinação que, em nosso cenário base, acontece no primeiro trimestre de 2021. Mas há risco de execução, por questões logísticas e pelo fato de ainda não termos claro qual vacina chegará primeiro ao Brasil em condições de ser disponibilizada ao grande público. (A Paula escreveu sobre a corrida das vacinas, em detalhes, aqui).
Quanto aos motores do crescimento, a política monetária bastante expansionista (juros baixos) também deve ajudar a impulsionar a demanda, através de um mercado de crédito que continua a apresentar sinais positivos para o próximo ano.
Além disso, a retomada do emprego e a poupança circunstancial feita pelas classes médias e alta durante a pandemia devem compensar parte da perda de renda gerada pelo fim do Auxílio Emergencial, que inclusive é assunto de muito debate (se pode ser prorrogado ou não) devido à aceleração de casos da Covid-19 nas últimas semanas.
Não é uma medida trivial. Em primeiro lugar, porque o espaço fiscal do país, que já era pequeno antes da pandemia, ficou praticamente inexistente. Qualquer gasto adicional deve ser bem pensado e provar-se claramente necessário. Em segundo, porque sua implementação não seria simples. Para que a extensão não seja restrita pela atual regra do teto de gastos, seria preciso uma detalhada construção com o poder Legislativo e com o Tribunal de Contas da União (TCU).
De toda forma, se a segunda onda da Covid-19 afetar o país a ponto de justificar uma extensão do auxílio (não acreditamos nisso), já estaríamos em um cenário pior para a atividade.
Por isso, em meio a tantas dúvidas, uma certeza:
A gestão fiscal será muito difícil, independente da discussão de aumento de recursos para programas sociais ou para investimento. Este fato, somado à proximidade da eleição presidencial (em outubro de 2021 estaremos a um ano do pleito), torna o cenário complexo, especialmente no segundo semestre.
Para 2021, esperamos que o consumo, assim como o PIB (consumo + investimentos + gastos governamentais + exportações – importações), siga em expansão, apesar de ritmo significativamente mais lento do que neste segundo semestre de 2020.
Fiquem ligados que amanhã traremos as principais estimativas do nosso time econômico para o ano que vem 😉
Resumo do dia: Mais estímulos, por favor
(por Lucas Collazo)
Mercados iniciam a semana realizando ganhos da semana passada: índices futuros nos EUA têm queda entre 0,10% e 0,40%. Na Europa, o Stoxx 600 cai 0,43%.
Na Europa, as negociações pelo Brexit não caminharam no final de semana. Segundo o governo britânico, as conversas podem colapsar se não houver avanços nas próximas horas.
As discussões sobre mais estímulos fiscais continuam: os prefeitos de cidades da Polônia e Hungria pedirão à União Europeia para ser inclusos no pacote de resgate do bloco. Lembrando que os dois países têm ameaçado o plano de 750 bilhões de euros em função de pressão da UE nos temas de liberdade de imprensa e independência do judiciário.
Nos EUA, as tratativas entre democratas e republicanos seguem para aprovação de um pacote de US$ 908 bilhões antes do fim deste ano. Na quinta-feira, a porta-voz da Câmara dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, conversou pela primeira vez em ao menos um mês com o líder republicano do Senado, Mitch McConnel, a respeito do pacote.
A confirmação da eleição norte-americana deve acontecer no dia 14/12, provavelmente confirmando o candidato democrata Joe Biden como novo presidente dos EUA. Além disso, o início da administração públicas das vacinas será de extrema importância para os mercados, ainda mais nesta ‘corrida’ contra a segunda onda de casos. Uma autoridade local disse que as vacinações podem começar nesta sexta-feira.
No Brasil, ganham momento as articulações para a escolha dos candidatos do grupo de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre às presidências da Câmara e do Senado, depois da inesperada decisão do Supremo que impede a reeleição da dupla. Alcolumbre, que tinha o caminho mais aberto, foi o mais afetado. Na Câmara, o grupo de Maia deixa de ter a reeleição do presidente como carta na manga para unificar todas as candidaturas que vinham sendo estimuladas por ele e passa a ter mais pressa para definir o nome.
Agenda da Semana |
Segunda-feira, 07 10h00: Brasil – produção de veículos Anfavea 17h00: EUA – Crédito ao consumidor |
Terça-feira, 08 07h00: Zona do Euro – empregos a.t. (ant: 0,9%) 07h00: Zona do Euro – PIB sazonal a.t. (exp: 12,6%; ant: 12,6%) 09h00: CPIA inflação IBGE a.m. (exp: 0,73%; exp XP: 0,86%; ant: 0,9%) 09h00: CPIA inflação IBGE a.a. (exp: 4,2%; exp XP: 4,28%; ant: 3,9%) |
Quarta-feira, 09 Após 18h30: Brasil – definição da taxa Selic (exp: 2%; ant: 2%) |
Quinta-feira, 10 09h00: Brasil – vendas a varejo a.m. (exp: -0,4; exp XP: -0,1%; ant: 0,6%) 09h00: Brasil – venda ampla varejo a.m. (exp XP: 2,2%; ant: 1,2%) 10h30: EUA – novos pedidos de auxílio-desemprego |
Sexta-feira, 11 09h00: Brasil – volume do setor de serviços IBGE a.a. (exp: -6,4; exp XP: 3,5%; ant: -7,2%) |