*Por Jennie Li, Estrategista de Ações da XP

  • A Didi é aquela irmã curiosa, que sempre acaba apertando os botões que não deve no laboratório… Não, espera, estamos falando de outra Didi
  • A Didi Chuxing é um dos maiores aplicativos de carona do mundo, conhecido também como o Uber chinês
  • Na semana passada, a empresa protagonizou o maior IPO do ano na Bolsa de Nova Iorque
  • Mas o que era pra ter sido um grande marco pra essa gigante de tecnologia acabou em um grande dor de cabeça
  • Saiba mais sobre essa história e, de quebra, entenda os riscos regulatórios do mercado chinês

A última semana não foi fácil para a Didi. Não, não é a irmã do Dexter que insiste em apertar botões que não pode em seu laboratório (só quem é millenial vai entender, admito que sou cringe).

Estamos falando da empresa chinesa que fez IPO na quarta-feira passada, dia 30 de junho, na Bolsa de Nova Iorque.

O que era pra ter sido um grande marco pra essa gigante de tecnologia acabou em um grande dor de cabeça, com a empresa agora sendo alvo de investigações do governo chinês.

Didi?

A Didi Chuxing é um dos maiores aplicativos de carona do mundo, conhecido também como o Uber chinês. Na verdade, uns anos atrás, o Uber entrou em uma guerra de preços para entrar no mercado da China. Em 2016, o aplicativo que abrimos depois daquele happy hour pra voltar pra casa se deu por vencido, e vendeu suas operações para a rival chinesa em troca de uma participação minoritária. Talvez muitos de vocês estejam mais familiarizados com a startup brasileira 99. Bom, a Didi é dona dela.

Na quarta-feira passada, dia 30 de junho, a Didi levantou US$ 4,4 bilhões em um IPO na Bolsa da Grande Maçã. Foi a maior oferta pública nos EUA neste ano, e a segunda maior oferta de uma empresa chinesa depois do Alibaba em 2014.

O IPO colocou uma etiqueta de quase US$ 70 bilhões na companhia. Mas desde então, a companhia já perdeu quase 1/5 desse valor.

O motorista cancelou o Uber!

Na sexta-feira passada, dois dias após o IPO, o aplicativo foi ordenado a suspender o registro de novos usuários, a ação caiu 5% nesse dia. E na segunda-feira dessa semana, o aplicativo foi retirado das lojas virtuais, o que levou a ação cair quase 20% no dia seguinte. (os mercados americanos estavam fechados na segunda comemorando o 4 de julho).

Tudo isso porque o órgão regulador de segurança cibernética (cyberspace em inglês) da China suspeita que a Didi esteja coletando dados pessoais ilegalmente. Mas não temos muito mais detalhes além disso. A verdade é que a Didi tem praticamente o monopólio da indústria de caronas na China, e detém de informações bem valiosas sobre os hábitos de viagens das pessoas, e que podem ser usados “para o mal”.

Cartoon Network Brasil on Twitter: "⭐️ Mandark (O Laboratório de Dexter)… "

O fato é que o governo chinês tem ficado cada vez mais preocupado com a crescente influência das grandes empresas de tecnologia, principalmente em relação ao uso de dados pessoais e práticas anticompetitivas, à medida que essas companhias crescem aceleradamente. São empresas muito inovadoras que criaram seus próprios modelos de negócio num ambiente sem regras muito claras, e que os reguladores até então toleravam.

São as mesmas preocupações que existem hoje em relações às empresas de tecnologia ocidentais. Lembra que o seu celular sabe pra onde você vai, o que você compra, com quem você fala; ele sabe de todas as suas conversas pessoais no Whatsapp e tem as suas fotos com a cara amassada – que somem pra gente nos stories mas ficam armazenadas em algum lugar. Já se perguntou como essas informações estão sendo usadas? Então, é a mesma história aqui e na China. Mas, por lá, o governo tem avançado muito mais para regular esse aspecto.

Vamos dar um passo para trás

Tudo começou em novembro do ano passado, quando o próprio líder Xi Jinping (curiosidade: ele não é o presidente, que é o termo ocidentalizado, mas sim o “chairman”) suspendeu o que iria ser o maior IPO da história de uma empresa chamada Ant Group, uma fintech da Alibaba. E desde então, o governo anunciou investigações antitruste em vários outras empresas de tecnologia.

Essas investigações derrubaram mais de US$ 40 bilhões do valor de mercado dessas companhias, segundo o Nasdaq Golden Dragon China Index, índice das empresas chinesas listadas nos EUA. A própria Alibaba foi multada em US$ 2,8 bilhões, acusada de abusar do seu domínio na indústria de e-commerce exigindo contratos exclusividade dos vendedores nas suas plataformas.

Com problemas na Didi, outras grandes empresas de tecnologia também caíram. A Tencent, que tem investimentos na empresa de caronas, e o Uber, o segundo maior acionista da Didi, caíram -6% desde sexta-feira.

E isso tudo num contexto de crescentes tensões com os EUA, que começaram com uma guerra comercial e agora caminham para uma guerra de tecnologia. No ano passado, foi aprovada uma medida que exige mais informações de empresas estrangeiras que querem ser listadas nas Bolsas americanas. E quem não cumprir nos próximos três anos, será convidado a se retirar das Bolsas.

As duas maiores economias do mundo então brigam pelos preciosos dados de seus cidadãos, para que não cheguem nas mãos do inimigo. E listar uma empresa chinesa na Bolsa americana trouxe questões de se os dados foram para lá também.

Então é hora de ficar longe da China?

A China é a economia #2 do mundo e caminha para ultrapassar os EUA até o final da década. É a casa de inúmeras empresas inovadoras: segundo o Hurun Global Index, dos 586 unicórnios do mundo em 2020, 227 delas são chinesas (vs. 233 dos EUA); e das 10 cidades com mais startups com mundo, 5 delas estão na China, com Pequim na frente com 93 unicórnios enquanto São Francisco vem em segundo com 68.

E a realidade é que preocupações com a segurança de dados é real, tanto aqui quanto na China. Durante a pandemia, os aplicativos chineses passaram a monitorar a saúde das pessoas e são exigidos pra viajar entre cidades e até entrar em shoppings. Ficou claro então que as grandes empresas de tecnologia controlam um volume gigantesco de dados, muito mais do que o próprio governo. E um aumento regulatório tornaria o ambiente mais sustentável, encorajando práticas mais justas que, no final do dia, beneficiam o consumidor.

A hostilidade vinda de Pequim representa um risco a mais sim. Porém, se deve traduzir em um valuation mais atrativo. Para investidores de longo prazo, isso significa comprar barato um potencial enorme de crescimento nos próximos anos. Mas também exige estômago pra enfrentar a volatilidade dos mercados chineses que devem perdurar por mais algum tempo.

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545

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