Como amante de esportes que sou, sempre achei muito curioso observar treinadores que nunca foram jogadores. Imagine ter que comandar um elenco inteiro sem nunca ter vivido a realidade deles.

No futebol temos alguns exemplos desses casos, mas não poderia deixar de citar Carlos Alberto Parreira. Com mais de 40 anos como treinador, foi campeão do mundo com a seleção brasileira na Copa de 1994 nos EUA, também dirigiu a seleção sul-africana na Copa de 2010, teve passagem também pela seleção de Gana e Arábia Saudita, mas nunca chutou uma bola em jogos oficiais.

Paulo Autuori, Oswaldo Oliveira, Reinaldo Rueda, André Villas-Boas, são outros exemplos dentre os diversos técnicos e treinadores que dirigiram equipes sem passagem como atletas da categoria. E aqui encontramos uma semelhança muito grande com o mundo dos investimentos.

Muitos acreditam que é preciso ser um profundo conhecedor para conseguir ganhar dinheiro no mercado financeiro, que para investir e ter sucesso no longo prazo é necessário ser um grande especialista. Tudo isso realmente é verdade, mas ninguém disse que o conhecedor precisa ser você.

Parreiras e os demais eram grandes entendedores de estratégia dentro de campo, não precisavam dominar a técnica ou ter o talento de um zagueiro, meio-campo ou atacante, para coordenar uma equipe vencedora. Até porque, eles sabiam muito bem como delegar responsabilidades entre os demais membros da equipe técnica e jogadores.

No mundo dos investimentos

Nos investimentos, você precisa entender quais são as classes de ativos que são interessantes para o seu perfil de investidor, e, com base nisso, pode delegar a responsabilidade de investimento para gestores de fundo. Dessa forma, seu trabalho fica muito mais voltado a entender quem são os bons gestores e acompanhar o trabalho que eles realizam ao longo dos anos, em vez de entender sobre aquele mercado especificamente e como ganhar dinheiro nele.

É mais ou menos isso que fazemos no comitê de alocação: buscamos entender qual é o retorno esperado para cada linha de investimento nos próximos 5 anos, nos cenários negativo/neutro e positivo. Com base nisso, estruturamos qual é o percentual do patrimônio que seria interessante ter investido para cada um dos perfis em cada um desses mercados, e por fim selecionamos os gestores que farão estes investimentos por nós (confira nossas recomendações de carteira).

No momento de montar essa seleção, dividimos os critérios entre qualitativos quantitativos. Ambos com mesma relevância na tomada de decisão, já que, por mais que seja importante selecionar fundos com bons resultados históricos, devemos entender que rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro.

Na ótica qualitativa, é importante conhecer principalmente a equipe responsável pela gestão do fundo. Quanto tempo possuem de mercado? E há quanto desse tempo estão trabalhando juntos? Já passaram por crises de mercado? São exemplos de perguntas interessantes a serem respondidas.

Geralmente, no próprio site da gestora é compartilhado o tempo de atuação nos mercados, como o site da Dahlia, por exemplo:

Ah, sem dizer que a internet facilita demais esse processo. Sempre é interessante dar uma passada no YouTube para ver vídeos recentes da gestora, ou mesmo no Google para conhecer matérias relacionadas.

Depois deste primeiro filtro, é importante entender sobre performance, fazer uma análise quantitativa (no caso de fundos que possuem histórico suficiente). Aqui, são 4 pilares muito importantes: rentabilidade absoluta, rentabilidade relativa, Índice Sharpe e Drawdown.

A rentabilidade absoluta vai indicar, já líquido das taxas cobradas pelo fundo, o retorno entregue ao investidor naquele determinado período. Já a relativa seria o mesmo, porém em relação ao índice de mercado que aquele fundo se propõe a bater.

A grandeza desse retorno será diferente entre os mercados. Você não pode esperar que um fundo de renda fixa mais conservador e que se expõe a poucos riscos tenha o mesmo retorno que um fundo de ações mais agressivo. Por isso, é sempre importante comparar retorno entre os fundos de mesma classe e características similares.

Até como ferramenta de auxílio nesse quesito, damos foco ao índice sharpe. Esse indicador vai mostrar se aquele determinado fundo é eficiente, gera um bom retorno ajustado ao risco que se propõe a correr. Não adianta o fundo apresentar um retorno enorme se, para isso, o gestor também está correndo um risco gigantesco.

Como analisar o Índice Sharpe

Quando esse índice é positivo, o fundo tem uma boa relação de risco x retorno, ou seja, é eficiente. Quanto maior ele for, melhor, mas de forma geral com resultados próximos de 1, o fundo já é uma boa escolha:

Por fim, o drawdown. Essa medida indica as quedas históricas do fundo, quais foram os piores retornos negativos que ele apresentou ao longo do tempo.

Esse indicador é fundamental para saber onde estamos pisando. Se um determinado fundo já teve uma queda máxima de 40%, isso pode se repetir e mostra que ele tem um perfil de risco mais arrojado. Você sabe lidar com isso? Se não, é melhor não fazer o investimento, pois, em algum momento, pode acabar sendo surpreendido com uma queda similar.

Repare que todas as etapas utilizaram ferramentas disponíveis gratuitamente para qualquer um. Acessar o site da gestora, fazer uma pesquisa no Google/YouTube, utilizar um comparador de fundos online – tudo perfeitamente acessível, basta saber o que procurar.

Depois de realizada a análise, atualmente, nós chegamos aos seguintes nomes em cada classe:

Aqueles que estão com suas células em laranja, são indicados apenas para investidores qualificados.

Assim como Parreira não precisou chutar uma bola em jogo oficial para guiar um elenco rumo ao título, você também não precisa ser um especialista ou investidor experiente daquele determinado mercado para conseguir resultado.

Resumo do dia: Novas restrições à vista

(por Paula Zogbi)

Mercados mundiais amanhecem em queda neste início de semana. Nos EUA, os futuros de bolsa desvalorizam cerca de 1%, enquanto o Stoxx 600 europeu tem queda de 0,6%. 

No final de semana, parte da Europa anunciou restrições nas atividades visando conter a segunda onda de coronavírus na região – mas ainda sem aplicar lockdowns completos. A Itália fechará cinemas e academias e restringirá a atividade de bares e restaurantes. A Espanha introduziu toque de recolher. 

Nos Estados Unidos, país com mais mortes pelo vírus no mundo, foram registrados novos recordes de casos na sexta-feira e no sábado, com 80 mil e 89 mil novas infecções em 24 horas, respectivamente.

Os números desviam a atenção das negociações para o pacote de estímulos à economia. No fim de semana, a democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara, e o chefe de gabinete do governo de Donald Trump, Mark Meadows, se acusaram mutuamente de dificultar a aprovação. 

No Brasil, é semana de Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central (Copom). Na quarta-feira, será definida a nova taxa básica de juros da nossa economia – que deve ser mantida em 2% a.a. Outros destaque são divulgações dos dados da Pnad e do Caged, referentes ao mercado de trabalho. A expectativa é que continuem apresentando melhora gradual no cenário.

Agenda da Semana
Segunda-feira, 26
09h00: México – Atividade econômica a.m. (exp: 2,0%; ant: 5,7%)
09h30: Brasil – Nota de crédito do BC: Empréstimos pendentes a.m. agosto (ant: 1,9%)
11h00: EUA – vendas casas novas a.m. setembrp (exp: 1,3%; ant: 4,8%)
Terça-feira, 27
04h45: França – PPI a.m. set. (ant: 0,1%)
08h00: Brasil – custos de construção FGV a.m. outubro (ant: 1,2%)
09h30: EUA – Pedidos de bens duráveis set. (ecp: 0,%; ant: 0,5%)
11h00: EUA – Conference Board Confiança do consumidor out. (exp: 102; ant: 101,8)Brasil – Total da dívida federal set. 
Quarta-feira, 28
04h00: Alemanha – Índice de preços de exportação a.m. set (exp: -0,3%; ant: 0,1%)
04h45: França – Confiança do consumidor out (exp: 93; ant: 95)
05h00: Espanha – Vendas no varejo a.a. set (ant – 4,6%)
07h00: Itália – PPI a.m. set (ant: 0,1%)
09h30: EUA – Estoques no atacado a.m. set. (exp: 0,4%; ant: 0,4%)Brasil – Copom – Decisão da Selic-meta (exp: 2%; ant: 2%)Japão – Decisão de política monetária (ant: -0,1%)
Quinta-feira, 29
06h00: Itália – Confiança do consumidor out (exp: 102,3; ant: 103,4)
07h00: Zona do Euro – Confiança na economia out. (ant: -15,5)
09h30: EUA – Novos pedidos de seguro-desemprego (exp: 783 mil; ant: 787 mil)
09h30: EUA – PIB anualizado a.t. 3T (exp: 31,8%; ant: -31,4%)
09h45: Zona do Euro – Taxa de refinanciamento principal ECB (exp: -0,5; ant: -0,2)Brasil – Resultado primário do governo centralBrasil – Caged: Criação de empregos formais total set. (exp BBG: 235.000; exp XP: 168.333 mil; ant: 249.388)
Sexta-feira, 30
03h30: França – PIB a.t. (exp: 15%; ant: -13,8%)
07h00: Zona do Euro – Taxa de desemprego set. (exp: 10,2%; ant: 9,7%)
07h00: Zona do Euro – PIB sazonal a.t. (exp: 9,5%; ant: -11,8%)
07h00: Zona do Euro – IPC a.m. (exp: 0,1%; ant: -0,5%)
09h00: Brasil – PPI a.m. (exp: 0,1%; ant: 0,1%)
09h00: Brasil – PNAD: Taxa de desemprego ago (exp BBG: 14,2%; exp. XP: 14,4%; ant: 13,8%)
09h30: Brasil – Resultado primário do setor público consolidado 
22h00: China – PMI Composto out (ant:55,10)