• Ao longo dessa semana, o Bitcoin teve momentos bastante marcantes, como uma queda de 31% na manhã de quarta seguida por uma alta de 33% apenas horas depois
  • Nesse Insight, explicamos os motivos de tanta volatilidade ao longo dos últimos dias
  • Também falamos sobre o (custoso e pouco sustentável) processo de mineração da criptomoeda e discutimos o que deve acontecer daqui para frente
  • No final, um recado interessante sobre assimetrias (e o Bitcoin Pizza Day, que está chegando)

Montanha russa já parece um termo leve para descrever os movimentos do Bitcoin. Ao longo dessa semana, o criptoativo mais famoso do mundo teve momentos bastante marcantes, como uma queda de 31% na manhã de quarta seguida por uma alta de 33% apenas horas depois. Em relação à máxima histórica até aqui (US$ 63,3 mil, atingida em 15 de abril), a queda até a mínima da semana (na quarta-feira, 19) foi de 45%.

Para ilustrar, essas foram as 24 horas entre quarta e quinta-feira:

O que explica esse vaivém?

Em primeiro lugar, importante lembrar que o Bitcoin e os criptoativos em geral ainda estão no início da sua história. É e continuará sendo por algum tempo um período marcado por muita incerteza a respeito da usabilidade, aceitação e avaliação do valor justo para esse tipo de ativo.

Essa queda de 45% foi rápida e intensa, mas também não foi o maior tombo que o Bitcoin levou entre máximas e mínimas ao longo de sua história. O “banho de sangue” recorde até hoje foi entre 30 de novembro de 2016 e 14 de janeiro de 2016, com desvalorização de quase 87%, conforme podemos ver no gráfico abaixo:

Nessa semana, os motivos principais para a volatilidade têm nome — alguns têm conta no Twitter; outros, geografia. Vamos a eles:

1. Elon Musk

Sempre o controverso fundador e “Technoking” da Tesla. No fim da semana passada, ele avisou que sua montadora de carros elétricos deixaria de aceitar pagamento em Bitcoin por causa dos danos do processo de mineração ao meio ambiente*. Piorou a situação outra declaração dando a entender que, além de deixar de aceitar como pagamento, a Tesla se desfaria da sua reserva financeira bilionária em BTC (algo que, segundo Musk, não foi feito).

*Que danos? Já não é de hoje a discussão de que o processo de “fabricação” do Bitcoin, chamado de mineração, gasta quantidades gigantescas de energia. Isso porque ele é baseado em uma série de supercomputadores resolvendo problemas matemáticos como forma de garantir a compatibilidade entre os blocos que formam a blockchain. Os mineradores colocam essas super-máquinas para trabalhar incansavelmente até conseguir realizar essas operações matemáticas extremamente (e cada vez mais) difíceis com sucesso — em troca, recebem um pagamento em Bitcoins. Esse processo é chamado Proof of Work (PoW).

O processo consome mais de 119 terawatt-hora em energia anualmente (mais que a Argentina inteira em 2019), e ainda depende muito de combustíveis fósseis: na China, um grande hub de mineradores, a energia vem principalmente de usinas a carvão. As emissões anualizadas ficam em 56,6 milhões de toneladas de CO2, equiparável a Singapura. Esse site monitora o consumo de energia e a pegada de carbono do Bitcoin em tempo real e a XP acaba de publicar um relatório focado nisso.

2. China e regulação

Não bastasse Musk colocar os “Bitcoiners” (eles mesmos se autodenominam assim) para pensar em meio ambiente, o Banco Central da China jogou um balde de água fria nos entusiastas do uso de criptos ao reiterar, na terça, que instituições financeiras do país mais populoso do mundo não podem aceitar tokens digitais como forma de pagamento.

Isso estimulou um movimento forte de venda e algumas plataformas de trading de criptoativos chegaram a sair do ar em meio ao pânico, mas espero que você tenha notado que eu destaquei a palavra reiterar: operações de pagamento com criptomoedas já não eram permitidas no país.

Ontem o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos afirmou que pretende adotar medidas para controlar mercados e transações com criptomoedas e passará a exigir que transferências acima de US$10.000 com criptoativos sejam reportadas ao departamento de Receita, o que também pressionou os preços.

3. Robôs de investimento e seus Stop Loss

Para piorar, o Bitcoin é um ativo de muito risco. Como boa parte de ativos arriscados, ele atrai traders que operam com alavancagem (possibilitando ganhos ainda mais altos, mas correndo riscos bem maiores). Esse tipo de operação frequentemente conta com mecanismos de venda automática quando o ativo atinge determinado preço (o chamado Stop Loss). Isso cria um efeito cascata: os preços, que já estavam em queda forte, começam a ser ainda mais pressionados para baixo com uma enxurrada de ordens automáticas de venda.

Já era para o Bitcoin?

Improvável. E os movimentos de altas que seguiram a forte queda corroboram isso.

Cathie Wood, fundadora e CEO da Ark Investment Management (e tão famosa quanto Elon Musk no mundo das tecnologias disruptivas) disse em uma entrevista à Bloomberg TV que ela ainda espera que a criptomoeda alcance um preço de US$ 500.000, apesar de estar sendo penalizado pela volatilidade no momento.

Pensando em valorização e assumindo que o Bitcoin continuará existindo e sua aplicabilidade deve aumentar conforme conhecemos mais esse universo, a escassez conta a favor do preço (lei da oferta e da demanda, baby). Sim, escassez, dado que existe um limite de 21 milhões de Bitcoins que poderão ser minerados no total, número que deve ser alcançado em 2140, segundo previsões de especialistas.

E a energia? Sim, o processo de PoW é bastante ineficiente em consumo de energia. Mas outras criptos, como a Ethereum (44TWh de energia ao ano e 22 milhões de toneladas de CO2), já são muito mais eficientes em energia e estão buscando formas muito menos danosas ao meio ambiente de ser viabilizadas.

Uma delas é o protocolo Proof of Stake, em que a comprovação de autenticidade da operação se dá pela quantidade de moedas que cada participante tem na sua wallet. A competição entre usuários diferentes é o que valida cada operação — um processo mais rápido e que consome bem menos energia. Outra alternativa é a incorporação de energias renováveis ao processo de mineração.

Como lidar?

Mesmo quem tem visão positiva para o Bitcoin e as criptos em geral não consegue negar o óbvio: a volatilidade não deve diminuir tão cedo. Nesse outro Insight, falamos sobre a volatilidade histórica de 74% do BTC nos últimos cinco anos, em comparação com 31% do Ibovespa e 25% do S&P 500.

A moral da história continua sendo a mesma: pode investir? Pode. Mas tome sempre o cuidado de não colocar muito dinheiro (para os seus próprios padrões) em um ativo tão imprevisível. Recomendamos no máximo 5% da carteira em criptos para os perfis mais agressivos, mas a forma mais honesta de tomar essa decisão é se fazer a seguinte pergunta: “quanto do meu dinheiro eu aguento ver desaparecer em poucas horas?”

Depois de definir esse valor, saiba que você consegue investir em criptoativos pela Rico! Temos disponíveis os fundos da Hashdex, além de taxa zero para comprar o ETF HASH11, que replica os movimentos de uma cesta de criptos, sendo o Bitcoin o maior peso.

Feliz Bitcoin Pizza Day – Um recado do Renato Santiago, do Stock Pickers

A primeira transação “real” com Bitcoin de que se tem notícia aconteceu em 2010, quando Laszlo Hanyecz postou em um fórum de entusiastas da nova moeda digital que pagaria 10.000 bitcoins para quem mandasse duas pizzas para sua casa. Alguém que estava na Inglaterra topou a transação e mandou as pizzas para a casa dele, na Flórida.

Naquele momento Laszlo já estava fazendo um mau negócio, pois, pela cotação do vigente, 10.000 bitcoins valiam US$ 41. E as pizzas custaram US$ 25. Mas é trazendo o bitcoin para os dias atuais que entendemos o custo de oportunidade que o Laszlo pagou. Na cotação de quinta, essas duas pizzas teriam custado nada menos que US$ 460 milhões. Laszlo não sabia, mas ele abriu mão dessa fortuna em 2021 por duas pizzas em 2010.

No sistema que sustenta o bitcoin, o blockchain, tudo é rastreável, e uma consultoria chamada Coinfirm descobriu que hoje uma parte daquelas criptomoedas da pizza está em uma das maiores carteiras de bitcoin do mundo, que tem o equivalente a US$ 2 bilhões.

Comparando o Laszlo com o dono dessa carteira bilionária, dá pra concluir uma coisa que parece um detalhe irrelevante: o sucesso do investimentos está em achar uma assimetria entre preço e valor. E não basta ser uma assimetria, ela tem que estar correta.

Laszlo não enxergava o valor do bitcoin. Por isso, achava que o preço não subiria e se desfez do que poderia virar uma fortuna. Já o dono da carteira bilionária enxergava muito mais valor no bitcoin e o manteve na carteira, esperando o preço subir. Acho que está claro que quem e achou a assimetria verdadeira e o tamanho do benefício que isso pode trazer para quem acerta.

E o mais legal é que quem investe com essa mentalidade de caçador de assimetrias, pode estar em qualquer mercado, inclusive no de ações. Um exemplo já é um clássico da Bolsa brasileira: o Magazine Luiza. Em 2013, dois anos depois de seu IPO, muita gente achava que a companhia estava em apuros, quase falindo. Mas alguns investidores perceberam que a companhia trabalhava duro internamente em uma revolução tecnológica.

Enquanto a maioria do mercado apostava na queda do Magazine, alguns viram valor na companhia e perceberam que em breve essa revolução renderia frutos e o preço do papel subiria. E foi isso que aconteceu: as ações multiplicaram por cem, de R$ 0,18 em 2013 para R$ 18 hoje, e a empresa é comparada à Amazon. Quem viu essa assimetria lá em 2013, transformou R$ 10 mil em R$ 1 milhão.

Caçar assimetrias, como você pode ver, é algo que pode transformar seu patrimônio. Por isso criamos esse treinamento gratuito que você pode ver agora clicando aqui. Mostramos ali as principais armas que um caçador de assimetrias usa no mercado de ações e ensinamos você a usá-la.

P.S. A data da venda de pizza por bitcoins que contamos ficou conhecida como Bitcoin Pizza Day. E o 11° aniversário dele é amanhã, 22 de maio. Feliz Bitcoin Pizza Day!

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545

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