(Por: Tiago Sbardelotto)

Recentemente o resultado do prejuízo do Banco Central ganhou holofotes no noticiário brasileiro. O Banco Central teve um resultado negativo em R$ 298,5 bilhões em 2022, fazendo os investidores se perguntarem como isso impacta a economia e os seus investimentos.

Mas, afinal, por que o Banco Central teve prejuízo?

Primeiro, precisamos esclarecer que o Banco Central tem diversas funções, dentre as quais a de administrar as reservas internacionais. Essas reservas são constituídas por moedas estrangeiras, como o dólar norte-americano, libra esterlina e euro, entre outras. O Banco Central mantém uma pequena parcela dessas moedas em caixa, para atender às demandas de liquidez, mas a maior parte é aplicada em títulos públicos estrangeiros e outros instrumentos financeiros. Por exemplo, uma parte das reservas é utilizada para comprar títulos da dívida pública dos Estados Unidos.

E foi exatamente por conta das reservas internacionais que o Banco Central teve prejuízo. Como o dólar e as demais moedas se desvalorizaram ante o real no ano passado, o valor das reservas também ficou menor. Além disso, as altas nas taxas de juros nos países dos quais o Banco Central detém títulos também provocou uma perda de valor. No total, o prejuízo com essas operações chegou a R$ 326,5 bilhões, valor que foi parcialmente compensado por um ganho de R$ 28,0 bilhões em outras operações. Note-se, no entanto, que se trata de um prejuízo contábil, porque o Banco Central não vendeu suas reservas ou seus títulos.

E como será pago esse prejuízo?

Para financiar esse prejuízo, o Banco Central deve, primeiramente, utilizar a reserva de resultados, formada pelos lucros das operações cambiais acumulados nos anos anteriores. Em 2021, esse montante atingiu R$ 179,1 bilhões, insuficiente para cobrir toda a perda no ano passado.

Nesse caso, a cobertura do prejuízo restante se dará pela utilização do patrimônio institucional do Banco Central, até o limite de 1,5% do ativo total existente na data do balanço, valor que chegou a R$ 85,8 bilhões.

Somados, esses valores chegam a R$ 261,9, ainda insuficientes para cobrir o prejuízo. Assim, o montante restante (R$ 36,5 bilhões) deve ser coberto pelo Tesouro Nacional, por meio da emissão de títulos em favor do Banco Central.

E isso impacta a economia de alguma forma?

Toda essa operação financeira tem impactos mínimos no mercado. A emissão de títulos em favor do Banco Central não afeta a dívida pública, exceto se esses forem utilizados para política monetária na forma de operações compromissadas. Mas essa decisão depende da necessidade de aumentar ou reduzir a liquidez no mercado, o que depende de outras variáveis não diretamente relacionadas com o resultado do Banco Central.

Portanto, embora o prejuízo divulgado impressione pelo tamanho, trata-se de uma operação comum, que ocorre de tempos em tempos e que não deve afetar a economia ou os seus investimentos.

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Elaborado por:

Bruna Sene, CNPI-T 1847

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