O ano de 2025 promete ser mais um período rentável para os investidores de renda fixa. Com o processo de alta da taxa de juros e uma série de fatores internos que elevaram o retorno desses investimentos, muitos investidores já começaram a migrar parte de seus portfólios para essa classe de ativos.
Entretanto, esse tipo de investimento não está isento dos riscos e o mercado de crédito privado (renda fixa emitida por instituições privadas) merece uma atenção especial no atual momento de mercado.
Entenda a seguir o que está acontecendo com a Renda Fixa em 2025 e como se proteger de alguns riscos com o alongamento da liquidez.
Um breve retrospecto
Em 2024, a captação dos fundos de renda fixa alcançou 242,9 milhões no ano, superando todas as outras classes de ativos – um movimento que deve seguir em 2025, embora um pouco mais fraco.

O aumento da demanda, por sua vez, levou a uma forte redução dos prêmios oferecidos pelos títulos de crédito privado em relação aos títulos públicos – os chamados spreads. Afinal, quanto mais pessoas demandam um bem, maior o seu valor. Ou no caso da renda fixa, menor será sua taxa.
Nesse contexto, a rentabilidade adicional oferecida aos investidores para assumir riscos no crédito privado caiu substancialmente ao longo do último ano.
A queda do prêmio (rendimento) para correr riscos na Renda Fixa
O processo de elevação da taxa básica de juros tende a intensificar ainda mais a demanda por ativos dessa classe – quanto maiores os juros, maiores os retornos de títulos de renda fixa (tudo o mais constante, considerando o carrego até o vencimento).
Em nossa projeção, o Banco Central deverá seguir elevando a Selic até 15,50% ao ano, patamar que deverá permanecer até ao menos o final de 2025.

Nesse cenário, o crescimento da procura por renda fixa pode pressionar ainda mais o prêmio adicional para assumir riscos, ressaltando a importância da seletividade e cautela para os investidores desse segmento.
Como podemos notar no gráfico a seguir, o spread (diferença) entre as taxas dos títulos de renda fixa de crédito privado (emitido por empresas) e de títulos públicos apresentou queda significativa a partir de aproximadamente o segundo semestre de 2023.
Vale, entretanto, destacar a relativa elevação das taxas observada em dezembro de 2024. Embora essa melhora seja vista com bons olhos por quem deseja entrar nesse investimento, o aumento da taxa dos títulos ofertados no mercado reduz o preço de mercado dos títulos, prejudicando aqueles que já estão aplicados neles.

A queda na rentabilidade a mercado pode provocar um aumento dos resgates dos títulos, o que, por sua vez, tende a levar a uma maior abertura dos spreads (devido ao aumento da oferta de títulos) e nova queda de preços – criando, assim, um círculo vicioso onde os resgates pioram a percepção do retorno, gerando mais resgates.
O efeito descrito acima pode explicar, em parte, o forte resgate observado em dezembro de 2024 nos fundos de renda fixa, mesmo mês de recuperação dos spreads.

Nesse contexto, surge uma alternativa não tão óbvia para aqueles que buscam mitigar riscos e ainda assim obter rentabilidades superiores aos títulos públicos: o alongamento da liquidez em fundos de investimento.
O Que é o Alongamento de Liquidez?
Ao investir em fundos de investimento, duas informações se destacam como essenciais para o prazo de resgate: o prazo de cotização e o prazo de liquidação.
O prazo de cotização é o tempo que, após a solicitação do resgate, o preço da cota do fundo continuará variando até o de resgate ser definido. Ou seja, considerando um fundo com prazo de cotização de 30 dias, o valor da cota para a liquidação financeira será registrado somente 30 dias após a solicitação de resgate.
Enquanto isso, o prazo de liquidação é o prazo para o pagamento após a cotização do fundo.
Ou seja, um fundo com prazo de cotização de 1 dia útil e prazo de liquidação de 2 dias úteis pagará o resgate ao investidor 3 dias úteis após sua solicitação.
Por que alongar a liquidez dos fundos?
O alongamento de liquidez se destaca como uma opção estratégica para investidores que buscam resiliência em um ambiente de juros elevados e alta volatilidade dos spreads.
Fundos com prazos mais longos de liquidez permitem que os gestores estruturem sua carteira de forma mais estratégica, permitindo maior flexibilidade para a escolha da duração de seus investimentos em renda fixa, proporcionando uma melhor capacidade de enfrentar crises e aproveitar oportunidades ao longo do tempo.
Esse tipo de fundo, que abrange ativos com diferentes níveis de risco, oferece uma vantagem para aqueles dispostos a esperar. Em vez de buscar liquidez diária, que força o gestor a manter uma carteira com ativos de rápida venda (geralmente com menores retornos), o fundo de liquidez alongada permite a busca por papéis de crédito corporativo com prazos mais longos, que podem estar associados a melhores taxas de retorno e spreads mais amplos, especialmente em operações de crédito privado.

Além do prêmio adicional pela menor liquidez, fundos com o patrimônio em investimentos alongados oferecem uma proteção adicional contra oscilações de mercado.
Em momentos de aversão ao risco, como crises econômicas, esses fundos tendem a estar menos suscetíveis à pressão de resgates imediatos, permitindo que o gestor mantenha as posições sem ser forçado a vender ativos a preços de liquidação, preservando assim o valor da carteira e protegendo o retorno dos cotistas.
Além disso, esse tipo de fundo pode ajustar o prazo médio de vencimento dos títulos (duration) da carteira conforme as condições de mercado, permitindo uma flexibilidade maior para se proteger em cenários de alta de juros e capturar melhores retornos quando o cenário se estabiliza.
Quanto mais líquido, mais volátil
Uma análise do comportamento do passivo desses fundos revela como o patrimônio líquido se comporta em diferentes cenários. O gráfico abaixo ilustra a variação da captação líquida sobre o patrimônio líquido de fundos de crédito, segregados por três categorias com base em seus prazos de liquidez: Fundos de Liquidez, Fundos D+30 e Fundos acima de D+30.

Os fundos de liquidez imediata apresentam maior volatilidade no passivo ao longo do tempo, com picos significativos de captação e resgates. Isso é esperado, dada a facilidade de resgatar recursos, resultando em uma maior sensibilidade a eventos de mercado como os ocorridos no início da pandemia em 2020 e o evento de crédito com as empresas Light e Americanas em 2023.
Por outro lado, os fundos com liquidez acima de 30 dias, geralmente com prazos de resgate mais longos, demonstram a menor volatilidade entre os três grupos. A linha azul clara, embora também apresente oscilações durante a pandemia, revela um comportamento mais estável ao longo do tempo, sugerindo que investidores em produtos de maior prazo tendem a ser menos influenciados por eventos pontuais de mercado.
Essa menor volatilidade reforça a ideia de que esses fundos podem atuar como uma âncora em momentos de maior incerteza, sendo menos suscetíveis a fluxos de saída repentinos.
Diante disso, no atual cenário de juros altos e menor prêmio para correr riscos adicionais na renda fixa, nossa preferência de alocação atual é em fundos com prazo de resgate superior a D+30, para investidores que possam renunciar da liquidez de parte de sua carteira de renda fixa.
Como alongar a liquidez da Renda Fixa?
Para te ajudar com esse posicionamento mais estratégico nessa classe de ativo, selecionamos a seguir alguns fundos de renda fixa com liquidez alongada disponíveis na Rico:
1. Legacy Capital Credit Advisory FIC FIM CP
Prazo de cotização: D+45
Prazo de liquidação: D+1
Rentabilidade 12M: 13,07%
Aplicação mínima: R$.1000
Público-alvo: Publico Geral
2. XP Corporate Plus FIC FIF Multimercado CP RL
Prazo de cotização: D+45
Prazo de liquidação: D+1
Rentabilidade 12M: 12,03%
Aplicação mínima: R$5.000
Público-alvo: Investidor Qualificado
3. XP Estruturado 120 FIC FIM CP
Prazo de cotização: D+120
Prazo de liquidação: D+2
Rentabilidade 12M: 15,03%
Aplicação mínima: R$10.000
Público-alvo: Investidor Qualificado
4 – Jive BossaNova High Yield Advisory FIC FIM
Prazo de cotização: D+360
Prazo de liquidação: D+2
Rentabilidade 12M: 13,39%
Aplicação mínima: R$10.000
Público-alvo: Investidor Qualificado
Reserva de emergência ou oportunidade
Para aqueles investidores que desejam liquidez, recomendamos a alocação em fundos que conciliem segurança e retorno, alinhando o prazo de resgate com os seus objetivos.
Além disso, para a sua reserva de emergência ou oportunidade, seguimos recomendando investimentos conservadores e com liquidez diária como o Tesouro Selic, Fundos DI Simples com liquidez em D+1 ou menor e CDBs de instituições sólidas com liquidez diária.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
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