• A curva de juros se movimentou muito ao longo do mês de março, e, além da Selic, fatores de risco impediram que ela “achatasse” nos prazos mais longos
  • O movimento dos juros e da inflação implícita (o quanto que o mercado está achando que teremos de inflação, medido pelos juros pagos pelos títulos do Tesouro) nos fez voltar a olhar para alguns títulos prefixados, que estavam fora das nossas recomendações fazia tempo
  • Mas isso não significa deixar de investir em renda fixa pós-fixada e nem em alternativas indexadas à inflação. Confira os percentuais recomendados para cada perfil em cada classe de investimentos em abril.

Conheça nos links nossas carteiras recomendadas para abril para os perfis conservadores, moderados e agressivos.

A alta de 75 pontos-base da Selic na reunião de março foi acima do esperado pelo mercado e as comunicações do BC a partir de então criaram uma divisão entre os que veem a Selic em 5% a.a., 6% a.a. ou acima disso ainda em 2021. Nossa expectativa atual é de que a taxa básica de juros termina 2021 em 5% a.a. e fecha 2022 em 6,5%. 

E como a renda fixa responde a tudo isso? O que move os juros dos títulos de dívida vai além da política monetária. Forças do mercado externo, como o aumento da taxa de juros das Treasuries americanas ao longo do primeiro trimestre, e temores com a questão fiscal em território nacional, exacerbados por um orçamento aprovado pelo Congresso que subestimou gastos obrigatórios do governo em R$ 30-40 bilhões nos últimos dias do mês, ajudaram a pautar os movimentos de altas nas expectativas de juros.

Com esse aumento do risco, o movimento de achatamento da curva de juros (alta dos juros de curto prazo e queda nos de longo prazo) que deu as caras logo após a reunião do Copom foi desfeito, e a curva voltou a abrir nos vértices longos, indicando juros mais altos no longo prazo, como podemos ver no gráfico abaixo, com dados da Anbima para a curva de juros.

Fonte: Anbima

Esse movimento mudou nossas carteiras recomendadas de renda fixa e incluiu de novo um pouco de prefixados a partir do perfil defensivo, como explico a seguir. Confira também as exposições das nossas carteiras recomendadas para abril.

Pós-fixados

Como não poderia deixar de ser, a primeira classe impactada na renda fixa é a pós-fixada, aquela que paga um percentual da própria Selic ou do CDI (taxa interbancária que acompanha a Selic e é usada em títulos privados). Sim: intuitivamente, um CDB 100% do CDI pagava 2% ao ano e agora passa a pagar 2,75% ao ano — e a lógica continua conforme a Selic sobe mais.

Como essa classe é a que menos sofre os efeitos de marcação a mercado (justamente por ter uma remuneração totalmente conectada ao indexador), ela se torna mais interessante como forma de proteger a carteira das incertezas já mencionadas.

Por conta desse ambiente atual, aqui na Rico estamos recomendando exposição a pós-fixados tanto para reserva de emergência (via Tesouro Selic ou fundos DI) como na composição da carteira de investimentos, via títulos e fundos.

Indexados à inflação

Depois dos pós-fixados, nossa segunda maior recomendação em renda fixa está nos títulos indexados à inflação, que pagam IPCA mais uma taxa acordada no momento da contratação, ou em fundos que investem neste tipo de ativos.

O motivo da preferência é a proteção contra o aumento dos preços em um momento de pressão inflacionária ainda significativa.

Mas atenção. Quem investe nessa categoria, seja diretamente ou via fundos, deve estar ciente dos efeitos da marcação a mercado nos preços. Dois efeitos devem ficar no radar:

– Se a visão do mercado a respeito da capacidade de pagamento no Brasil melhorar, os juros pagos na parte prefixada desses títulos (prêmio sobre a inflação) caem, fazendo com que o preço do título aumente. Isso valoriza o título (ou a cota, no caso dos fundos) no mercado secundário.

– Caso essa visão piore, como estamos observando nos últimos dias, o juro prefixado sobe e o preço do título cai, desvalorizando o título ou a cota do fundo.

Importante notar que o investidor só é efetivamente impactado por essas oscilações nos preços caso venda o título antes do vencimento: quem mantém o dinheiro investido recebe exatamente o juro contratado, somado à inflação do período. 

Prefixados

Com o aumento da inflação implícita (juro pago pelos títulos prefixados menos a taxa pré dos juros indexados à inflação), identificamos que os juros pagos hoje em títulos prefixados estão acima do valor justo no curto prazo. Para prazos mais longos, a imprevisibilidade do risco-país e a falta de visão sobre a situação fiscal mudam essa figura.

Por isso, incluímos neste mês nas nossas carteiras recomendadas um pouco de exposição a prefixados através do Tesouro Prefixado 2024. A recomendação é de 1% para o perfil defensivo, 2,5% para o estrategista, 2% para o visionário e 3% para o energético.

Para esse prazo, a inflação implícita estava em 4,94% em 1/04, acima das projeções do nosso time de economia. Incluir esse papel na carteira significa que achamos que, até o prazo de vencimento desse título, a inflação não será tão alta quanto o mercado está precificando hoje e, com isso, o ganho de quem tiver investido nesse título vai ser vantajoso.

Fundos de investimento em renda fixa: um cuidado

Além de escolher bons gestores e selecionar o nível de risco condizente com o perfil de investidor, ao investir em fundos de renda fixa visando lucros (excluindo aqui os fundos para reserva de emergência) o ideal é buscar fundos com maior prazo de resgate (D+30, D+60…).

Por quê? Isso dá à gestão do fundo maior tempo para negociar ativos e vender a preços justos quando investidores solicitam resgate — e diminui a exposição das cotas a potenciais efeitos negativos de marcação a mercado.

Elaborado por:

Betina Roxo, CNPI 1493
Paula Zogbi, CNPI 2545

Este relatório de análise foi elaborado pela Rico Investimentos, que é uma marca da XP Investimentos CCTVM S.A. (“Rico”) de acordo com todas as exigências previstas na Instrução CVM nº 598, de 3 de maio de 2018, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Rico não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório. Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor. 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O investimento em ações é um investimento de alto risco e os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros e nenhuma declaração ou garantia, de forma expressa ou implícita, é feita neste material em relação a desempenhos. As condições de mercado, o cenário macroeconômico, os eventos específicos da empresa e do setor podem afetar o desempenho do investimento, podendo resultar até mesmo em significativas perdas patrimoniais. A duração recomendada para o investimento é de médio-longo prazo. Não há quaisquer garantias sobre o patrimônio do cliente neste tipo de produto O investimento em opções é preferencialmente indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Rico. No mercado de opções, são negociados direitos de compra ou venda de um bem por preço fixado em data futura, devendo o adquirente do direito negociado pagar um prêmio ao vendedor tal como num acordo seguro. As operações com esses derivativos são consideradas de risco muito alto por apresentarem altas relações de risco e retorno e algumas posições apresentarem a possibilidade de perdas superiores ao capital investido. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. O investimento em termos é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Rico. São contratos para compra ou a venda de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado, para liquidação em prazo determinado. O prazo do contrato a Termo é livremente escolhido pelos investidores, obedecendo o prazo mínimo de 16 dias e máximo de 999 dias corridos. O preço será o valor da ação adicionado de uma parcela correspondente aos juros – que são fixados livremente em mercado, em função do prazo do contrato. Toda transação a termo requer um depósito de garantia. Essas garantias são prestadas em duas formas: cobertura ou margem. O investimento em Mercados Futuros embute riscos de perdas patrimoniais significativos, e por isso é indicado para investidores de perfil agressivo, de acordo com a política de suitability praticada pela Rico. Commodity é um objeto ou determinante de preço de um contrato futuro ou outro instrumento derivativo, podendo consubstanciar um índice, uma taxa, um valor mobiliário ou produto físico. É um investimento de risco muito alto, que contempla a possibilidade de oscilação de preço devido à utilização de alavancagem financeira. A duração recomendada para o investimento é de curto prazo e o patrimônio do cliente não está garantido neste tipo de produto. As condições de mercado, mudanças climáticas e o cenário macroeconômico podem afetar o desempenho do investimento