- A inflação acumulada em doze meses caiu para 11,73% em maio (contra 12,13% em abril), leve alívio para o cenário de preços em alta.
- Por trás do aumento dos preços estão a guerra na Ucrânia, efeito do Covid na China e outros fatores internos.
- Confira o que esperar daqui pra frente e como proteger seu dinheiro da perda do poder de compra, a tão temida “Inflação”.
A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou alta de 0,47% em maio. A desaceleração do índice acumulado em doze meses, de 12,13% para 11,73% é um alívio pequeno, refletindo quedas nos preços de alimentação e energia elétrica por conta da volta da bandeira verde.
Desde janeiro, o indicador já acumula alta de 4,78%, ultrapassando a meta do Banco Central para o acumulado no ano – de 3,50%.
O resultado de maio veio abaixo das expectativas da maior parte dos analistas de mercado, por conta de aumentos menores em alimentação, serviços ligados à atividade econômica e itens de cuidado pessoal. Por trás do resultado dos itens de cuidado pessoal, provavelmente tem efeito do retorno dos preços depois do dia das mães.
Apesar disso, o cenário de commodities e preços industriais continua preocupante no mundo, ainda na esteira da guerra na Ucrânia e das medidas de lockdown na China, que começaram a ser retiradas nas últimas semanas, mas ainda produzem efeitos: como boa parte dos produtos consumidos no mundo tem alguma ligação com a China, seja durante a sua fabricação ou de suas matérias primas, as paralisações na produção, comércio e transporte no país significam uma redução da oferta de diversos produtos e insumos industriais no mundo, além de provocarem atrasos e aumento de preços de fretes. Essa dinâmica, como você pode imaginar, tem efeito de jogar preços no mundo inteiro para cima.
Assim, mesmo com a desaceleração em maio, a inflação deverá continuar em um nível elevado por mais tempo, aqui e no resto do mundo. Para se ter uma ideia, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos acumula 8,3% em doze meses até maio, o maior nível desde a década de 1980. Já na Europa, o atual patamar de 8,1% é recorde desde a implementação do euro.
Por aqui, também há a possibilidade de aprovação de uma série de medidas no Congresso (projetos de lei e propostas de emenda constitucional – PECs) que tem como objetivo diminuir a pressão sobre preços de combustíveis e energia elétrica modificando a tributação. Somadas, essas medidas podem ter impacto de -2,9 p.p. no IPCA de 2022. Entretanto, parte delas tem caráter temporário e efeito é de alta em 2023 (aproximadamente +1,2 p.p).
Para o dia a dia do brasileiro, o resultado não melhora a sensação de perda do poder de compra, que vai além de produtos industrializados e alimentos. A inflação continua espalhada pela economia, ou seja, não é produto de um único vilão. O índice de difusão, que mede esse espalhamento, caiu no mês mas continua alto: 0,72% em maio, o que significa que 72% dos itens acompanhados pelo IBGE para o IPCA tiveram alta no mês.
O que esperar?
Do lado da economia global, a prolongação da guerra entre Rússia e Ucrânia – que já passa dos 100 dias – se somou aos desequilíbrios nas cadeias de valor impulsionados pela política de Covid-zero na China. Tudo isso, como mencionado, segue empurrando os preços para cima. Por outro lado, Bancos Centrais ao redor do mundo já respondem ao desafio da inflação alta, subindo os juros e reduzindo estímulos implementados para combater os efeitos a pandemia.
Por que os juros sobem?
A elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central tem como objetivo controlar a subida dos preços, sendo a base para todas as taxas de juros na economia.
Juros altos encarecem o crédito, ajudam a valorizar a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos mais de capital estrangeiro), e impactam as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro.
Além disso, juros altos também contribuem para a atração de capital estrangeiro ao país. Com mais moeda estrangeira entrando, nossa moeda valoriza – ajudando, assim, na alta de preços internamente.
Te contamos tudo isso em mais detalhes aqui.
Assim, projetamos que a inflação no Brasil encerre esse ano em 9,2% – uma queda do patamar atual, mas muito acima da meta do Banco Central (de 3,50%). Neste cenário, não consideramos as propostas em discussão no legislativo para redução de tributação sobre combustíveis e energia, que podem provocar um certo alívio no IPCA deste ano mas vem com consequências negativas para as contas públicas e para a inflação do ano que vem – não existe almoço grátis.
Vale lembrar que, mesmo que essa queda da inflação ocorra, isso não significa que os preços vão cair. E sim, que eles passarão a subir mais lentamente (inflação caindo é diferente de deflação!).
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
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