- O mês de setembro ainda não acabou, e o mau humor dos mercados nos lembra disso.
- Os motivos? Um mix de: expectativa de redução de estímulos monetários nos EUA (menos dinheiro rolando na praça), crise energética assombrando o mundo e levando o preço de commodities pra cima, e incertezas ainda presentes sobre a dívida da empresa Evergrande na China.
- O preço dos combustíveis é destaque aqui também, e a classe política discute possíveis alternativas para a alta de preços de gasolina, óleo diesel e gás de cozinha. Qualquer interferência na política de preços da Petrobrás deve ser vista negativamente pelo mercado.
- O risco fiscal também continua por aqui, e discute-se a prorrogação do Auxílio Emergencial até abril do ano que vem. As regras fiscais estão em jogo, e uma flexibilização para permitir mais gastos e aumento no endividamento de longo prazo, piorando a percepção de risco sobre nossos ativos no mercado (de ações, à renda fixa, dólar e inflação).
Wake me up when September ends. O mês de setembro ainda não acabou, e o mau humor dos mercados nos lembra disso. O Ibovespa fechou em forte queda (-3,05%) ontem, as taxas futuras de juros subiram (refletindo maior risco), e o dólar fechou em R$ 5,42. A piora veio em linha com o desempenho também negativo observado nos mercados internacionais – nos EUA, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram o dia com perdas entre 1,6% e 2,9%.
O mau humor no mundo tem sido puxado por uma série de fatores, entre eles:
- A alta nas taxas de juros futuras nos EUA, que reagem ao fim próximo dos estímulos monetários por parte do Banco Central americano (por ora, o fim da compra de ativos no mercado), e acabam por pressionar principalmente ações de empresas da crescimento. Isso porque essas empresas terão seu financiamento mais caro diante de juros de longo prazo mais altos, além de seu valor hoje em um nível menor (quando considerado o quanto valerão no futuro, algo que chamamos de valor presente, em finanças);
- A crise energética que assombra o mundo, por conta da redução de produção de energias poluentes na China, da menor oferta de Petróleo (pela OPEP – países exportadores de petróleo – e pelos EUA, afetados por questões climáticas), da maior demanda por energia a gás por conta da falta de chuvas (como no Brasil), e por questões geopolíticas que limitam o fornecimento de gás por parte da Rússia a Europa.
- Incertezas ainda presentes sobre a empresa Evergrande na China – como contamos aqui.
Mas setembro tá quase acabando! Na manhã dessa quarta-feira, as bolsas amanhecem em alta no mundo, revertendo parte das perdas de ontem. O governo chinês comprou um pedaço de um banco regional do Evergrande Group por USD1,55 bi, e embora isso não signifique que a empresa vai conseguir pagar suas dívidas, o movimento é visto como relativamente positivo para evitar maior contágio no mercado financeiro na China (já limitado no resto do mundo). Enquanto isso, nos EUA, o presidente do FED (Banco Central americano), Jerome Powell, e a Secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertaram aos membros do Congresso que um calote na dívida americana teria consequências desastrosas e pediram resolução para o problema do teto da dívida.
O projeto é importante porque, sem esse aumento, o Tesouro deixa de conseguir emitir dívida, o que em tese levaria a um calote da dívida soberana nos EUA. Embora seja improvável que isso aconteça, o Congresso precisa também aprovar o orçamento até amanhã (discutido na mesma esteira da dívida), para evitar um shutdown da máquina pública por lá – com efetiva paralisação de serviços públicos, como funcionários da administração pública.
Por aqui, Segue a novela da gasolina. Como contamos ontem, a disparada do petróleo também tem afetado o Brasil, com alta nos preços de gasolina e derivados (como diesel e gás de cozinha). Ontem, a Petrobras anunciou reajuste de 8,9% (R$0,25) no preço do óleo diesel. Embora a companhia tenha mantido os valores da gasolina e do gás de cozinha, a reação do presidente da Câmara, Arthur Lira, foi de criticar os altos preços dos combustíveis e exigir mudanças principalmente no ICMS (imposto estadual responsável por boa parte do preço final na bomba). Também está sendo discutida a criação de um fundo de compensação para a Petrobras mudar sua política de aumento dos combustíveis e aplicar reajustes de forma mais ponderada ao longo do tempo. A discussão deve seguir nos próximos dias/semanas, e pode impactar negativamente o preço da Petrobrás.
Devemos menos, mas risco fiscal não sai da cola. O resultado do Tesouro Nacional, divulgado ontem, mostrou que seguimos no vermelho nas contas públicas. Por incrível que pareça, entretanto, a situação está melhorando – com déficit primário (o que gastamos menos o que arrecadamos, antes do pagamento de juros) tendo caído para 2,7% do PIB, de 3,8% do PIB em julho. Boa parte da melhora se dá por conta da comparação com o período do auge da pandemia, quando os gastos públicos subiram muito com programas como auxílio emergencial e transferências para estados e municípios, mas a arrecadação forte de impostos também tem tido papel fundamental.
Então, por que ainda falamos de risco fiscal, vendo o impacto nos ativos por aqui? Por conta dos planos de longo prazo, e do receio de que essa melhor seja revertida em breve, com flexibilização das regras fiscais e gastos saindo do controle.
Falando em risco fiscal…O governo estuda a prorrogação do Auxílio Emergencial, que em teoria será encerrado em novembro. Ainda sem consenso, as parcelas seriam estendidas até abril de 2022. O secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, disse que, com o Orçamento de 2022 em discussão no Congresso, não há como argumentar que o gasto com o programa é emergencial, desse modo, não poderia ser financiado por meio de crédito extraordinário – ferramenta só possível de ser utilizada diante de gastos relevantes, urgentes e imprevisíveis.
Um olho no peixe Brasil, o outro na China. Hoje teremos a divulgação dos índices de gerente de compras na China – que servem como bom termômetro para como anda a economia por lá. Depois de dados piores do que o esperado em agosto, todos estarão de olho no número de setembro (que serão divulgados à noite por aqui). Por aqui, destaque para os resultados fiscais do Banco Central, que incluem o nível da dívida no mês, a serem divulgados as 9:30.
Nas horas vagas…
Eu sigo dando dicas de séries, livro e podcasts por aqui. Para quem não assistiu ainda, indicou a série “Mare of Easttown”, do HBO Max. A série conta a história de uma detetive em uma pequena cidade nos EUA, que procura resolver um caso envolvendo o desaparecimento e morte de meninas na cidade. Kate Winslet está simplesmente maravilhosa na performance, a série tem poucos episódios, e segue com plot twists do começo ao fim!
Elaborado por:
Júlia Aquino, CNPI 3607
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