• Bolsas mundiais começam a semana mistas, de olho no avanço da Covid e na Turquia
  • O chefe de estado Tayyip Erdogan substituiu o presidente do BC turco em um movimento inesperado no fim de semana, aumentando a instabilidade das bolsas asiáticas e europeias
  • No Brasil, Paulo Guedes diz que vacinação em massa é “melhor política fiscal”

    Após uma semana de perdas, os futuros americanos amanhecem nesta segunda em direções mistas: o Dow Jones cai 0,21% enquanto o Nasdaq anota alta de 0,76%.

    Do outro lado do oceano, o europeu Stoxx 600 opera perto do zero, puxado para baixo por ações de viagem e lazer, afetadas pelos temores de uma terceira onda de Covid-19 no continente.

    Enquanto isso, as vacinas continuam a gerar tensões no velho continente. Em novo episódio de atrito entre Bruxelas e Londres, a União Europeia caminha para adoção de medida que bloquearia exportações de vacinas AstraZeneca e ingredientes para o Reino Unido. O governo Johnson negocia com governos da região para evitar o bloqueio no próximo encontro do bloco, marcado para quinta-feira (25).

    De olho na vizinhança, investidores também reagem à decisão do presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, de substituir o chefe do Banco Central do país no domingo. Naci Angbal, que ocupava o cargo desde novembro, foi destituído um dia depois de aumentar bruscamente a taxa de juros do país para 19% na tentativa de conter uma inflação que acabara de atingir 15,6% a.a — movimento bem recebido pelo mercado.

    A Lira turca, que subira 15% em relação ao dólar desde a nomeação de Angbal, chegou a cair 14% depois do anúncio e agora deprecia cerca de 8%:

    Line chart of Lira per US dollar showing Turkish lira sinks after Erdogan replaces central bank chief

    No Brasil, o ritmo da vacinação segue em foco. Um grupo de mais de 500 economistas, banqueiros e empresários assinou uma carta aberta pedindo medidas mais eficazes de combate à pandemia no domingo. No mesmo dia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em uma live que a vacinação em massa é “a melhor política fiscal, mais barata e de maior impacto sobre a oferta”.

    Atenção à agenda (nos EUA): nessa semana acontecem leilões do Tesouro americano, que podem colocar pressão adicional no mercado secundário de títulos por lá. Em especial, atenção para emissão dos títulos mais longos. O leilão do papel de 5 anos será na quarta-feira e do de 7 anos, na quinta-feira.

    Por que olhar para isso? Dependendo do tamanho da oferta e da demanda, os preços desses títulos podem se elevar (demanda mais alta que oferta), fazendo os juros das Treasuries caírem, ou o movimento oposto pode acontecer.
     
    E daí? Os títulos do Tesouro americano são considerados os ativos mais seguros do mundo, e por isso acabam servindo de base para precificação de outros mercados. A pressão sobre taxa de juros futuros que estamos observando hoje, reflete também a melhora de expectativas sobre a atividade econômica. Se essa percepção de fortalece, a inflação de curto prazo também pode ser impactada, forçando o Banco Central americano, o FED, a reduzir estímulos monetários e subir juros antes do esperado – similar ao que estamos enxergando no Brasil.
     
    O mercado de renda variável também é impactado. À medida que os juros das Treasuries sobem, a renda fixa americana se torna mais atrativa (por pagar mais prêmio com risco quase zero), e o dólar junto com ela. Ativos de risco, como ações, mercados emergentes e commodites, perdem parte do apelo como consequência.
     
    “E a gasolina, heim? Cada vez mais cara…” Dessa vez sua conversa de elevador deve mudar um pouco de roteiro: a Petrobras anunciou na sexta-feira que vai reduzir o preço da gasolina para R$ 2,71/litro nas refinarias, uma queda de 5%. O Diesel fica inalterado.
     
    Os analistas de petróleo da XP Investimentos consideram positivo que os preços de combustíveis praticados pela Petrobras tenham retornado a níveis próximos à paridade de importação, mas é a primeira vez em quase cinco meses que acontece um alinhamento de preços com as referências internacionais. Além disso, o reajuste foi reflexo da queda recente dos preços de petróleo (o petróleo tipo Brent teve queda de -9,1% desde a semana passada) e de uma apreciação do real (+6,3% frente ao dólar desde 9 de março, quando a moeda fechou em 5,817) — e não de uma postura ativa da empresa.

    Nas horas vagas

    Nove artistas brasileiros já faturaram quase US$ 1 milhão com a venda de tokens não fungíveis (NFT) desde abril de 2018 — uma fração dos US$ 377 milhões de faturamento total no período. Etiene Craus, mais proeminente deles, tem apenas 20 anos e já vendeu 15 obras digitais, lucrando US$ 326 mil.

    Não sabe do que eu estou falando? Volte uma casa e leia o Insight extra publicado pela Júlia Aquino ontem!

    Elaborado por:

    Betina Roxo, CNPI 1493
    Paula Zogbi, CNPI 2545

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