- Projeções econômicas são essenciais para investidores estarem prepararmos para o que vem adiante.
- No mundo: inflação persiste e Bancos Centrais elevam os juros. Crescem receios de uma forte retração global.
- No Brasil: economia cresce com estímulos e serviços, e inflação enfraquece. Mas futuro das contas públicas nos pós eleição segue principal desafio.
- Confira na íntegra o que esperar para a economia em outubro e não seja pego de “calças curtas”.
Não seja pego de calças curtas!
Para quem não segue o mercado tão de perto, pode parecer estranho. Mas, de tempos em tempos, economistas mundo afora se debruçam sobre modelos matemáticos, e constroem projeções para o cenário econômico. Conforme o cenário evolui, eventos acontecem, decisões políticas são tomadas, dados econômicos são divulgados, e essas projeções vão sendo refinadas, revisadas.
Os juros seguirão nessa trajetória? A inflação precisa ser revisada — para cima, para baixo? E o PIB: o país vai crescer como esperávamos há um mês ou dados e acontecimentos mudaram a nossa visão para a atividade econômica? E, claro, a clássica: e o dólar?
Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor pelo motivo principal de ajudar a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”.
Isso não significa que, olhando as projeções, você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair para entrar em um fundo internacional ou comprar todo o dinheiro para aquela viagem ao exterior”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. E sim, que você entenderá melhor as tendências da economia, que é o principal pano de fundo do cenário financeiro.
Assim, poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil de risco e objetivos.
Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções macroeconômicas para este ano e o próximo.

Onde estamos? O cenário no mundo
Como te contamos em detalhes no Onde Investir desse mês, a inflação alta e os juros em elevação seguem os principais temas por trás dos movimentos de mercado no mundo.
O último mês
Do lado positivo, o cenário do mês que se encerrou foi marcado pelo fortalecimento do processo de desinflação global. Ou seja, de redução de pressões sobre os preços.
A produção e o escoamento de produtos ao redor do mundo continuam normalizando, reduzindo custos logísticos como fretes e revertendo a escassez de insumos industriais, como microchips. Ao mesmo tempo, a expectativa de que o mundo cresça menos diante de tantas incertezas reduz a pressão sobre os preços de commodities – que sinalizam estabilidade, mesmo que ainda em patamares elevados.
Esse movimento traz um alívio inicial aos preços, especialmente os relacionados a bens que sofreram muito por desequilíbrios causados pela pandemia.


Porém, mesmo com a melhora, a inflação segue muito alta para padrões históricos e frente as metas de Bancos Centrais, e a forte elevação de juros se tornou uma realidade irreversível. Com juros subindo nos Estados Unidos, Zona do Euro e outros países desenvolvidos, fica cada vez mais claro que o mundo crescerá menos.
Afinal, juros mais altos têm o objetivo de frear a inflação, mas o efeito colateral é um freio na própria economia. Além disso, a incerteza do cenário geopolítico segue presente com a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, alimentando tensões políticas domésticas especialmente na Europa, que deve enfrentar uma recessão no ano que vem.

Enquanto isso, a China segue enfrentando impactos de ainda vigente política de covid-zero, além de desafios crescentes no setor imobiliário. Assim, o gigante asiático deve crescer menos do que o histórico recente no ano, mesmo com crescentes estímulos fiscais e monetários por parte do governo – que, na contramão do mundo, tem reforçado a queda nos juros permitida pela inflação baixa.
Enquanto isso, no Brasil
Economia começa a perder ritmo, mas segue forte
A atividade econômica aqui no Brasil continua mostrando sinais de robustez. A força da reabertura da economia aliada aos estímulos fiscais implementados pelo governo são os principais motores por trás da performance positiva – que, por sua vez, puxam a melhora do mercado de trabalho, levando a taxa de desemprego ao menor nível desde 2015.
O movimento é mais forte no setor de serviços, responsável por 70% da nossa economia e o setor que mais emprega no país –englobando desde serviços de transporte e carga, manicures e restaurantes, até bancos e grandes eventos.
Além disso, o setor industrial também se recupera da forte queda do fim do ano passado/início desse ano, se beneficiando da normalização das cadeias de produção no mundo.
Por outro lado, a economia começa a perder força do lado do varejo. O comércio enfraqueceu nos últimos meses, em especial nas vendas de bens mais sensíveis às condições de crédito. Afinal, não podemos esquecer que nossos juros seguem bastante altos (sendo sentido aos poucos no crédito), pesando sobre o endividamento das famílias e – consequentemente – sobre o consumo de itens que exigem maior financiamento, como carros, móveis e eletrodomésticos.

Dito isso, não vemos um cenário de recessão para o Brasil – ao menos nos próximos trimestres. A confiança entre consumidores, investidores e produtores de maneira geral segue alta, e setores como a indústria extrativa e agropecuária devem seguir bastante positivos nos próximos meses.
Inflação dá fôlego
Como contamos aqui em mais detalhes, vimos mais uma vez o nosso principal indicador de inflação (o IPCA) registrar deflação no mês. Sim, você não leu errado: os preços caíram, e o IPCA no acumulado em doze meses caiu para 7,17% em setembro.
Ainda não é hora de estourar a champagne e declarar a morte da inflação por aqui. Isso porque, apesar de nesse mês a queda de preços não se dar por conta da redução de impostos (como nos anteriores), e sim refletir importantes movimentos como a queda no preço de alimentos e combustíveis, a pressão sobre os preços continua em diferentes frentes, em especial no setor de serviços – que segue fortalecido.
Mesmo assim, podemos afirmar que o pior da inflação ficou para trás, ao menos por ora. A normalização das cadeias de produção no mundo (como falamos ali em cima), o enfraquecimento do preço de commodities e o próprio efeito dos juros subindo no Brasil e no mundo têm ajudado a enfraquecer os preços além da redução de impostos.
Assim, esperamos que a inflação encerre esse ano em 5,6%, e em 5,2% no ano que vem. Mas, como sempre, vale destacar: inflação caindo não significa que os preços irão cair, e sim que eles passarão a subir mais devagar.

Risco fiscal como principal desafio pós eleições
Mas como nem tudo são rosas, a incerteza sobre o futuro das contas públicas do país reacendeu a chama do conhecido risco fiscal.
Diante das eleições presidenciais, detalhes sobre o orçamento de 2023 e, especialmente, sobre qual serão as regras fiscais dos próximos anos seguem indefinidas. O desafio é desenhar uma nova “âncora fiscal” que permita novas despesas já “prometidas” (como o Auxílio Brasil em valor elevado e o reajuste de servidores), e ao mesmo tempo indique que a dívida pública não sairá do controle nos próximos anos.
Afinal, gastos adicionais não apenas pressionam a inflação por meio do aumento da renda e do consumo hoje, como também precisam ser pagos no futuro – com mais dívida, maiores impostos ou mais emissão de “dinheiro” (no caso, inflação).
Esse aumento da percepção de risco também piora as expectativas sobre a inflação no futuro, e pode enfraquecer nossa moeda, que por sua vez bate novamente na inflação.
Para entender esse movimento que chamamos de “pass through” em economia, é só pensar: quanto mais desvalorizada a moeda, “mais dinheiro preciso para importações”, e maior a inflação.
Assim, a incerteza fiscal segue como um dos principais desafios do cenário atual.
Juros altos até ao menos metade do ano que vem
Para combater a alta de preços, o Banco Central deve seguir sua política de juros elevados. Como contamos aqui em mais detalhes,o Copom (nosso comitê de política monetária) manteve a taxa Selic inalterada em 13,75% ao ano, em sua reunião de Setembro.
Diante da inflação ainda pressionada e muita incerteza em torno da trajetória das contas públicas, entendemos que o Copom deve manter a Selic nesse patamar até meados do ano que vem – quando deve começar um processo de gradual redução da taxa.

Como investir nesse cenário?
Agora que você já está atualizado da nossa visão para a economia nos próximos meses, confira no gráfico abaixo nossas recomendações de investimento atualizadas, de acordo com o seu perfil de investidor, e algumas sugestões de ativos recomendados nesse cenário.
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela abaixo não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Confira tudo isso em detalhes no nosso relatório “Onde Investir” – acesse aqui o desse mês!

Classe | Opção de investimento | Aplicação mínima |
Renda fixa pós-fixada | Trend Pós-Fixado FIC FIRF | R$100,00 |
Inflação | Tesouro IPCA 2026 | R$31,27 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado 2025 | R$31,56 |
Renda Fixa Global | Trend Crédito Global FIM | R$100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | R$100,00 |
Renda variável Brasil | Cesta de ações “No Stress” Rico | N/A |
Renda variável Internacional | Trend Bolsa Americana Dólar FIM | R$100,00 |
Renda variável internacional com hedge | Trend Bolsa Americana FIM | R$100,00 |
Alternativos | Trend Commodities FIM | R$100,00 |
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 6928
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