- A inflação caiu para 8,73% em agosto, indicando que o pior ficou para trás.
- A queda foi puxada mais uma vez pela redução de impostos e queda no preço da gasolina.
- Mas a expectativa de que o mundo cresça menos e o efeito dos juros subindo também ajudam a conter a alta de preços.
- Entenda o que esperar e o impacto nos investimentos no texto na íntegra.
A inflação medida pelo IPCA, nosso principal indicador de preços ao consumidor, registrou queda de 0,36% em agosto. O resultado levou o índice para 8,73% no acumulado em doze meses, desacelerando em relação ao observado em julho – quando estava em 10,07%.
Desde janeiro, o indicador acumula alta de 4,39%.
Redução de impostos e petróleo em baixa derrubam preços
Assim como o visto no resultado de julho, a deflação em agosto foi puxada pela redução de impostos em gasolina (que registrou queda de 11,64% no mês), telecomunicações e energia. A queda dos preços do petróleo no mercado internacional também contribuiu, permitindo que a Petrobrás cortasse os preços por quatro vezes desde meados de julho.
Por outro lado, o resultado de agosto mostrou que a inflação segue persistente em produtos industrializados (como roupas e perfumes), apesar da importante melhora recente relacionada à normalização da oferta de bens e insumos básicos no mundo.
Isso porque a produção, o escoamento e a comercialização de produtos no mundo começam a voltar ao normal, e isso ajuda a segurar a alta de preços. O gráfico abaixo ilustra essa melhora – quanto maior o índice, maiores pressões sobre as cadeias de produção globais, como altos preços de frete, tempo de entrega, baixos estoques etc.
Além disso, os preços de serviços seguem bastante pressionados. Alimentação fora de casa, por exemplo, segue em alta apesar da redução do preço de alimentos no atacado, ainda impulsionados por efeitos da reabertura econômica.
Assim, para o dia a dia do brasileiro, a sensação de perda do poder de compra perde força aos poucos, mas ainda persiste.
A estabilidade do índice de difusão da inflação no mês reflete esse movimento, indicando que a inflação segue disseminada entre bens e serviços na economia (não se restringindo a poucos itens).
Dito isso, podemos hoje dizer que o pior ficou para trás. O mesmo índice de difusão, que chegou a 78% em abril, se encontra hoje em 63%.
O que esperar?
No mundo, os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia deve seguir afetando a inflação global, especialmente na Europa. A região depende muito da energia importada da Rússia (petróleo e gás natural) e sanções aplicadas contra o país, de um lado, e a resposta russa limitando a oferta do outro, levaram a uma escalada sem precedentes nos preços de energia na região.
Como energia é usada para praticamente tudo, a inflação segue “a todo vapor” no velho continente.
Por outro lado, Bancos Centrais no mundo seguem no processo de alta de juros. Nos Estados Unidos, o FED deixou claro que fará “tudo o que precisar” para trazer a inflação de volta à meta de 2,0% (hoje acima de 8,0%), enquanto o Banco Central Europeu elevou os juros para 1,25% ao ano – taxa bastante alta para padrões históricos da região.
E esse movimento de juros subindo já começa a impactar expectativas sobre a inflação futura – um ponto crucial para o controle dos preços.
Já no Brasil, esperamos que a taxa Selic permaneça em 13,75% ao ano (ou pouco acima disso) até pelo menos o meio do ano que vem. Quer saber mais sobre isso? Vem ler aqui!
Assim, a política monetária no mundo caminha para o território contracionista – quando os juros têm o objetivo de desestimular a economia. De maneira simplificada, “menos dinheiro no mundo = menor pressão sobre os preços”.
Por que os juros sobem?
A elevação da nossa taxa básica de juros, a Selic, por parte do Banco Central tem como objetivo controlar a subida dos preços, sendo a base para todas as taxas de juros na economia.
Juros altos encarecem o crédito, ajudam a valorizar a nossa moeda (com maiores juros aqui, atraímos mais de capital estrangeiro), e impactam as expectativas sobre onde estarão os preços no futuro.
Além disso, juros altos também contribuem para a atração de capital estrangeiro ao país. Com mais moeda estrangeira entrando, nossa moeda valoriza – ajudando, assim, na alta de preços internamente.
Te contamos tudo isso em mais detalhes aqui.
Ao mesmo tempo, a expectativa cada vez maior de que a economia global perca força nos próximos meses (justamente por conta da inflação alta e dos juros subindo) já tem derrubado o preço de muitas commodities. Afinal, uma economia que cresce menos, consome menos, e consequente, demanda menos insumos básicos para produção.
Assim, projetamos que a inflação encerre esse ano em 6,10%. Apesar de ainda acima da meta do Banco Central (de 3,50%), uma forte redução em relação aos dois dígitos vistos na primeira metade do ano.
Vale lembrar que a projeção de queda da inflação não significa que os preços vão cair de maneira geral. E sim, que eles passarão a subir mais lentamente. Isso porque inflação caindo é diferente de deflação – quando os preços efetivamente caem. O último foi o caso do preço da gasolina nos últimos meses, que caiu substancialmente por conta da redução de impostos federais e estaduais, além da queda do preço do petróleo no mundo.
Como se proteger da alta de preços?
Nesse cenário de inflação alta, proteger os investimentos torna-se mais essencial do que nunca. Títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA + 2026, debêntures de empresas sólidas e boas classificação de risco, e fundos de inflação (fundos de investimento que investem em ativos indexados à inflação) são ótimas alternativas. Falamos mais das melhores oportunidades de renda fixa aqui.
Os ativos reais também ficam especialmente interessantes nesse momento. Esses ativos costumam ter seus preços reajustados pela inflação global, representando uma posição estratégica contra a alta de preços e diante dos desafios nas cadeias de produção globais. São exemplos de ativos reais as commodities minerais e agrícolas, e metais preciosos. Uma alternativa simples para acessar esses investimentos é por meio do eTrend Ativos reais.
Mas não só de proteção contra a inflação devem viver os investimentos nesse momento. Por isso, selecionamos abaixo algumas sugestões de diferentes ativos recomendados – sempre lembrando da importância da diversificação.
Classe | Opção de investimento | Aplicação mínima |
Renda fixa pós-fixada | Trend Di Simples FIRF | R$100,00 |
Inflação | Tesouro IPCA 2026 | R$31,27 |
Renda Fixa Prefixada | Tesouro Prefixado 2025 | R$31,56 |
Renda Fixa Global | Trend Crédito Global FIM | R$100,00 |
Multimercado | Selection Multimercado FIC FIM | R$100,00 |
Renda variável Brasil | Cesta de ações “No Stress” Rico | N/A |
Renda variável Internacional | Trend Bolsa Americana Dólar FIM | R$100,00 |
Renda variável internacional com hedge | Trend Bolsa Americana FIM | R$100,00 |
Alternativos | Trend Commodities FIM | R$100,00 |
Vale lembrar que as recomendações sinalizadas na tabela abaixo não são as únicas possíveis, mas sim alternativas viáveis selecionadas pelos nossos especialistas para você.
Confira o detalhe dessas recomendações de investimento de acordo com o seu perfil de investidor no “Onde Investir em setembro”.
Elaborado por:
Bruna Sene, CNPI-T 1847
1) Este relatório de análise foi elaborado pela Rico Investimentos, que é uma marca da XP Investimentos CCTVM S.A. (“Rico”) de acordo com todas as exigências previstas na Resolução CVM nº 20/2021, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Rico não se responsabiliza por qualquer decisão tomada pelo cliente com base no presente relatório.
2) Este relatório foi elaborado considerando a classificação de risco dos produtos de modo a gerar resultados de alocação para cada perfil de investidor.
3) O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente, inclusive em relação à Rico e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações nas condições de mercado, e que sua(s) remuneração(es) é(são) indiretamente influenciada por receitas provenientes dos negócios e operações financeiras realizadas pela Rico.
4) O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Resolução CVM nº 20/2021 está indicado acima, sendo que, caso constem a indicação de mais um analista no relatório, o responsável será o primeiro analista credenciado a ser mencionado no relatório.
5) Os analistas da Rico estão obrigados ao cumprimento de todas as regras previstas no Código de Conduta da APIMEC para o Analista de Valores Mobiliários e na Política de Conduta dos Analistas de Valores Mobiliários do Grupo XP.
6) Os produtos apresentados neste relatório podem não ser adequados para todos os tipos de cliente. Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor. Este material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado perfil de investidor.
7) A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode aumentar ou diminuir num curto espaço de tempo. Os desempenhos anteriores não são necessariamente indicativos de resultados futuros. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos. As informações presentes neste material são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser significativamente diferentes.
8) Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da Rico. Fica proibida sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da Rico.
9) SAC. 0800 774 0402. A Ouvidoria da Rico tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800-722-3730.
10) O custo da operação e a política de cobrança estão definidos nas tabelas de custos operacionais disponibilizadas no site da Rico: https://www.rico.com.vc/custos. 11) A Rico se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste relatório ou seu conteúdo.
12) A Avaliação Técnica e a Avaliação de Fundamentos seguem diferentes metodologias de análise. A Análise Técnica é executada seguindo conceitos como tendência, suporte, resistência, candles, volumes, médias móveis entre outros. Já a Análise Fundamentalista utiliza como informação os resultados divulgados pelas companhias emissoras e suas projeções. Desta forma, as opiniões dos Analistas Fundamentalistas, que buscam os melhores retornos dadas as condições de mercado, o cenário macroeconômico e os eventos específicos da empresa e do setor, podem divergir das opiniões dos Analistas Técnicos, que visam identificar os movimentos mais prováveis dos preços dos ativos, com utilização de “stops” para limitar as possíveis perdas.
13) Antes de qualquer decisão, os clientes deverão realizar o processo de suitability e confirmar se os produtos apresentados são indicados para o seu perfil de investidor.