Em um cenário econômico marcado por taxas de juros elevadas, os investidores enfrentam um momento repleto de desafios e oportunidades no mercado financeiro brasileiro. A alta da Selic impacta diretamente as decisões de investimento, tornando a renda fixa mais atrativa e, consequentemente, criando um cenário mais desafiador para a renda variável.
No entanto, ainda existem ativos na B3 que se destacam por oferecer dividendos superiores ao rendimento atual da taxa do Tesouro Selic, apresentando-se como alternativas interessantes para aqueles que buscam renda passiva. Neste texto, exploraremos quais são esses ativos, como identificá-los, a importância do Dividend Yield e quais estratégias adotar para otimizar seus investimentos.
Cenário brasileiro e os impactos da Selic alta
O Brasil enfrenta atualmente um período de juros elevados. A taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, foi elevada a este patamar pelo Banco Central como uma forma de conter a inflação persistente. O IPCA, principal indicador de inflação no Brasil, fechou o ano de 2024 em 4,8%, acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,5%. Atualmente, no acumulado de 12 meses, a inflação segue acima do teto, com 5,32% ao ano, e as expectativas de inflação permanecem desancoradas. Com isso, a política monetária restritiva é um dos principais instrumentos para controlar o aumento dos preços, tornando o crédito mais caro e desestimulando o consumo.
A alta da Selic tem efeitos diretos no mercado financeiro. No caso da renda fixa, torna os investimentos como Tesouro Selic, CDBs e LCIs mais atrativos, pois oferecem retornos elevados com menor risco.
Já no mercado de fundos imobiliários (FIIs) e dos FiAgros, o cenário se torna desafiador. Juros altos impactam negativamente esses ativos de algumas maneiras, por exemplo, em relação ao risco de inadimplência dos devedores, e redução das margens de lucro, devido ao aumento do custo de dívida.
Além disso, a alta da Selic freia a economia, reduzindo a demanda por imóveis e dificultando reajustes de aluguéis, o que impacta diretamente os fundos imobiliários que investem em imóveis físicos, conhecidos como fundos de tijolo. Esses fundos também podem enfrentar desvalorização do valor patrimonial dos imóveis devido à menor demanda e ao aumento das taxas de desconto aplicadas nas avaliações.
Os fundos de papel, que aplicam em títulos de crédito imobiliário vinculados a indicadores como CDI e IPCA, costumam ser relativamente mais resistentes às altas da taxa Selic, embora também sofram algum impacto negativo. Isso ocorre porque os rendimentos desses fundos são indexados a esses indicadores, o que significa que tendem a acompanhar o aumento dos juros. Portanto, quando a Selic sobe, esses fundos podem se beneficiar, já que os pagamentos dos títulos que compõem sua carteira também aumentam.
Dessa forma, a recomendação para o atual cenário é focar em fundos com portfólios de alta qualidade, baixa vacância e exposição a ativos de risco de crédito mais baixo, buscando equilíbrio entre segurança e potencial de retorno.
Veja aqui os impactos da alta dos juros nos Fundos Imobiliários
No entanto, mesmo nesse cenário, ainda existem ativos que conseguiram manter o seu nível de pagamento de proventos interessante. Alguns FIIs e Fiagros continuam pagando dividendos elevados, superando o rendimento da Selic e do CDI. Para os investidores que buscam renda passiva, encontrar esses ativos pode ser uma excelente estratégia.
Mas afinal, como fazer essa identificação? Nesse sentido, analisar uma métrica chamada Dividend Yield (DY) é fundamental. Por isso, vamos entender o que ela significa.
O que é Dividend Yield e qual sua importância?
O Dividend Yield (DY) é um indicador que mede o retorno dos dividendos pagos em relação ao preço do ativo. Ele é calculado da seguinte forma:

Se um ativo custa R$ 10,00 e paga R$ 1,20 em dividendos ao longo do ano, seu DY é de 12%. Quanto maior esse indicador, maior o retorno que o investidor recebe apenas com os dividendos.
Mas há um ponto de atenção: um DY alto pode ser um sinal positivo, mas também pode indicar que o ativo perdeu valor recentemente, o que pode ser um risco. Afinal, o DY é calculado dividindo os dividendos pelo preço do ativo. Portanto, se o preço cair, o DY pode aumentar artificialmente, mesmo que os dividendos permaneçam os mesmos. Por exemplo, se um fundo imobiliário que custa R$ 10,00 e paga R$ 1,00 de dividendos cair para R$ 5,00, o DY sobe para 20%. Isso pode ser uma oportunidade, mas também um alerta sobre problemas no fundo.
Portanto, ao analisar um DY alto, é crucial considerar a sustentabilidade dos dividendos, os fundamentos dos fundos imobiliários e dos fiagros e as razões por trás da queda no preço do ativo.
Retomando a comparação entre os rendimentos dos fundos imobiliários e fiagros com a taxa Selic, realizamos uma análise do Dividend Yield (DY) dos principais ativos dessas classes para identificar quais estão oferecendo retornos superiores à nossa taxa de juros. Vale ressaltar que uma taxa de 15% ao ano equivale a um rendimento de 1,17% ao mês. Vamos aos resultados abaixo.
Quais ativos estão pagando dividendos acima da Selic?
Para identificar oportunidades dos fundos imobiliários que oferecem dividendos superiores à taxa Selic, focamos em ativos que fazem parte de uma cesta de relevante. Neste caso, analisamos os fundos imobiliários que compõem o índice IFIX. Além disso, também elencamos todos os Fiagros que estão listados na B3 e têm o dividend yield acumulado de 12 meses acima da Selic.
O que é o IFIX?
O IFIX (Índice de Fundos Imobiliários) é um índice que representa o desempenho dos principais fundos imobiliários negociados na bolsa de valores brasileira (B3). Ele é composto por uma carteira teórica de fundos imobiliários selecionados com base em critérios como liquidez e representatividade no mercado. O IFIX serve como um termômetro para acompanhar a valorização e o rendimento médio desses fundos, ajudando investidores a avaliar o comportamento desse segmento no mercado financeiro.
Abaixo estão listados alguns fundos imobiliários e Fiagros que atualmente apresentam um Dividend Yield (DY) superior a 15% ao ano (1,17% ao mês), ou seja, estão superando a taxa Selic:
Fundos Imobiliários (FIIs)

Fiagros

Além dos números dos Dividend Yields (DY) acumulados nos últimos 12 meses, é importante também analisar os pagamentos em um horizonte de curtíssimo prazo, considerando o último pagamento do fundo de forma anualizada, ou seja, observando o último provento pago pelo ativo e transformando, hipoteticamente, para 12 meses. Isso reforça que há fundos atualmente oferecendo uma rentabilidade atrativa, especialmente quando comparada ao patamar atual da Selic. A seguir, apresentamos uma lista de Fundos Imobiliários e Fiagros que possuem um DY anualizado superior a 15%.
Fundos Imobiliários (FIIs)

Fiagros

Vale ressaltar que os ativos mencionados neste texto estão pagando dividendos acima da Selic. No entanto, é fundamental lembrar que um DY alto nem sempre indica um bom investimento, nem mesmo garantia de rentabilidade futura. Além disso, este conteúdo não é uma recomendação de compra, apenas reforça que existem boas oportunidades mesmo em um cenário mais desafiador. Por isso, realizar uma análise estratégica e diversificar sua carteira são práticas essenciais.
Como investir em FIIs e Fiagros pagadores de proventos?
Se você deseja montar uma carteira focada em renda passiva, investir em FIIs e Fiagros com bons dividendos pode ser um excelente caminho. No entanto, é essencial analisar:
- Sustentabilidade dos dividendos
- Histórico de pagamento
- Endividamento do fundo
- Potencial de crescimento do setor
Para facilitar essa jornada, nós já fizemos a seleção para você! Atualizamos mensalmente nossas carteiras recomendadas de fundos imobiliários para investidores que desejam obter renda passiva com esses ativos, com base em análises quantitativas e fundamentalistas.
Carteira Recomendada de Fundos Imobiliários: Se o seu foco é gerar renda passiva através dos FIIs, essa carteira traz os melhores fundos imobiliários do mercado, considerando critérios de rentabilidade, segurança e diversificação de segmentos.
Acompanhe nossas recomendações para investir com mais segurança e estratégia, confira nossas Carteiras Recomendadas e garanta uma renda passiva eficiente e sustentável!
Elaborado por:
Maria Giulia Soares, CNPI 10023
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